Confesso que assisti ao discurso da Emma Watson procurando defeitos,
querendo não gostar. Meu preconceito do avesso apitou quando vi que uma guria
bem novinha, magrinha, bonitinha, riquinha e famosinha resolveu falar sobre
feminismo. Mas a guriazinha bonitinha me conquistou e mostrou uma clareza
surpreendente sobre o tema.
A primeira questão levantada por ela que me chamou atenção
foi sobre a ideia que muitos têm formada de que feminismo é a mesma coisa que
odiar homens, que as feministas gostariam que os homens morressem e que as
mulheres mandassem na Terra. Ela insistentemente repete que ser feminista é
querer igualdade. Para quem já tanto lê sobre o assunto, parece desnecessário
falar isso, mas uma rápida busca no google me provou o contrário:
Ainda é um tabu falar de feminismo. Feministas ainda são
vistas como lésbicas feias que odeiam homens. Essa visão extremamente
distorcida surge do medo da perda dos privilégios. Os homens nunca viveram em
condições de igualdade com as mulheres e isso assusta. Pois igualdade entre
homens e mulheres é muito mais do que dividir a louça suja.
Assim entro no ponto principal do discurso da Emma Watson e
que pode acabar provocando diferentes opiniões sobre o quanto isso é
necessário, ou válido dentro do feminismo. Emma chamou os homens para a luta
feminista. Uma parte do seu discurso foi recheada de exemplos de situações em
que homens também são prejudicados pelo machismo. Afinal, enquanto a mulher
deve ser submissa, o homem deve ser agressivo, impor respeito, insensível. Quando
ouvi Emma falando disso, pensei imediatamente no que sempre digo quando alguém
me fala que o machismo é ruim tanto para homens quanto para mulheres: a mulher
ainda assim é muito mais prejudicada e violentada. O sofrimento do homem não leva
ao estupro, à violência doméstica, ao medo de andar na rua.
Mas a Hermione sabia o que estava falando. Ela não
escorregou dizendo que o machismo afeta igualmente homens e mulheres, apenas
cutucou os homens para que eles vejam a dimensão do machismo, para que assim,
de repente, alguns homens vão perceber que feminismo não é coisa de “lésbicas
odiadoras de homens”, mas diz respeito a eles também. Ser feminista não é abrir
mão de ser homem.
Nenhum país no mundo se pode dizer igualitário em relação a
homens e mulheres. NENHUM. Por isso, Emma repete essas frases simples e
convocadoras:
Se não eu, quem?
Se não agora, quando?
Chega de ter medo de se dizer feminista, chega de odiar
feministas, chega de querer controlar o feminismo. Acredita em igualdade (de
verdade) entre homens e mulheres? Então assume o teu feminismo.
Para quem não assistiu ao vídeo ainda:
by Ananda Vargas
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