segunda-feira, 27 de outubro de 2014

a vitória das mulheres

Ontem, discursando diante de centenas de militantes de esquerda que comemoravam a vitória de Dilma em Porto Alegre, Olívio Dutra fez uma declaração que (me) emocionou muito: quem ganhou as eleições foram as mulheres, quem estava nas ruas gritando e fazendo campanha foram as mulheres. Com todo o seu conhecimento e experiência em política e militância, Olívio Dutra percebeu o crescimento de mulheres na política, a força feminina (feminista).

Eu também percebi a mesma coisa. A quantidade de mulheres em cada caminhada da diversidade a favor de Dilma era muito grande. As campanhas feministas contra colocar no cargo de presidente da república um homem que agride mulher foi forte. 


Penso então que essa foi uma vitória feminista. Os homens (e mulheres, infelizmente) elitistas-machistas usaram todos aqueles “xingamentos” clássicos deles: gorda, feia, puta, terrorista, histérica, louca. Esses belos adjetivos foram tanto direcionados à Dilma quanto às mulheres que a apoiavam. Mal sabem eles que nós, feministas, muito já superamos esses rótulos e os abraçamos com gosto.



Chamar uma mulher de vadia, feia e gorda não a afasta mais da luta, só faz ferver um pouquinho mais o sangue, dá mais vontade de sair pra rua e brigar por mudança. E assim foi, as mulheres estavam muito presentes nessas eleições, fizeram as suas próprias pautas de reivindicações, mostraram que feminismo é política, que não se pode ignorar atitudes machistas em candidatos a cargos públicos.

A cada debate entre candidatos, surgia uma mulher para analisar as posturas, as falas, os discursos permeados de machismo. Para cada candidata chamada de leviana, apareciam outras mil “levianas loucas equivocadas” sambando na cara do patriarcado. As mulheres não enfraqueceram. Escrevo aqui porque isso eu vi, fiz, vivi, comemorei. 



As mulheres estão na política para dizer que não pode chamar a Marina de magrinha, a Dilma de gorda, a esposa do Aécio de loira-burra. As mulheres saíram dos bastidores, não são mais figurantes atrás dos maridos, ou meninas comportadas que não gritam. Quem pegou o megafone e cantou nas passeatas não foram só os homens, esse canto foi dividido e levado adiante por vozes agudas e fortes.

As mulheres enfrentam o machismo todos os dias apenas por serem mulheres. Enfrentam agressões, xingamentos baseados em nada além de gênero, violências disfarçadas de elogios.


Essa luta, essa política se faz todos os dias. Da mesma forma que as mulheres apareceram mais e tiveram vitórias, os discursos machistas foram também expostos e estão aí para serem desmanchados o tempo todo, todos os dias. O nosso corpo é político, as nossas palavras são políticas, a nossa voz é política.


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