quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

mulher tem que saber seus limites

Feministas são todos os dias chamadas de radicais, exageradas, generalizadoras, castradoras de homens (vide comentários deste próprio blog). Tudo bem querer direitos “iguais”, mas não se depilar é demais! Tudo bem mulher querer trabalhar, mas não em qualquer profissão, né! Tudo bem querer votar e participar da política, mas dar opinião sobre tudo não pode! Tudo bem querer ser livre para fazer o que quiser, desde que não se abandone todas as outras incumbências femininas e vire uma super mulher multitasking! 


Passamos a vida ouvindo o que não pode fazer e ser. E por quê? Porque o maldito do patriarcado cagou moral e ferrou com a autoestima feminina. A mulher é o demônio que passa por esse planeta só ouvindo e, tristemente, reproduzindo as merdas que lhes ensinaram desde que rasgaram o útero já amaldiçoado de suas mães. Parece estar gravado a ferro quente nas escrituras machistas “Mulher não será tolerada se tiver barriga de ceva ou se não tiver nenhuma barriga; se tomar 15 shots de tequila ou se não beber; se colocar cigarros na boca, afinal, a boca é apenas para chupar nossos ricos membros; se falar muito alto, gritar na mesa de bar de língua pra fora ou se falar baixo demais; se transar com 300 caras num mês (puta) ou se for virgem e tiver aliança com Deus (histérica).”

Por que feministas são exageradas, loucas, monstros demolidores de famílias? Porque mulher nenhuma pode ser mais do que mediana.


Mulher não pode exagerar. Também não pode desaparecer e ser quase invisível. Mulher tem que saber o meio termo das coisas. Chamar atenção, mas só um pouco. Beber, mas só uma tacinha de vinho. Usar roupas bonitas, mas sem mostrar muito o corpo. Conversar e saber socializar com os amigos, mas sempre assuntos amenos, com voz calma. Mulher tem que ter senso de humor, mas não pode rir muito alto, ser muito escandalosa.

 

Homem não gosta de mulher exagerada (nem precisa vir dizer que estamos generalizando, porque estamos bem conscientes disso, viu, ômi?). Alguém tem coragem de dizer que nunca ouviu nenhum homem dizendo que não gosta de mulher que fala alto? Mulher que dá gargalhadas, ri muito, fala alto, conta piada, é o centro das atenções na mesa de bar. Credo, que horror mulher assim! Bom é mulher comportadinha!

 

É sempre pior ainda para mulher. Um homem falando alto pode ser meio chato, mas uma mulher é insuportável! Até porque mulher não cala a boca, né, mulher fala sem parar aquele monte de bobagem que passa na cabeça dela, e imagina ainda falar essas merdas bem alto? Realmente, ômis, esqueçam esse tipinho. Mulher tem que ser meio tímida, delicada, fazer gestos comedidos. Mulher tem que conversar sim, mas com limites, com reservas. Isso é sexy, isso é sedutor e, ao mesmo tempo, isso é uma futura boa mãe. Depois o cara te espanca e tu fica chorando.

 


Angélica Freitas já nos alertou sobre a mulher de vermelho e até já fizemos um outro texto aqui sobre isso. Por que, galera, imagina o primeiro encontro, a mulher precisa impressionar na medida certa e seguir uma série de regras. Já pensou que loouuca que ela seria chegando com um batom vermelhooo?? 


O ômi tá ali, esperando ver a futura mãe de seus filhos e vê uma exagerada de batonzão vermelho, bem chamativo, bem pecadora! O que ele pensa? Essa aí é facinha, é só pra sexo mesmo. Aí tu vai lá, transa com o cara, ele não te liga no dia seguinte e tu ainda fica braba? Foi tudo culpa tua e do teu batom vermelho. Guarda  ele pra quando já tiver casada e foi reconhecida como uma mulher de família.



Sabe outro limite da mulher? Bebida, claro! 
Que nojo de mulher que bebe. Até porque mulher não sabe beber. Começa a dançar que nem louca, sobe na mesa, daqui a pouco começa a chorar, abraçar todo mundo. Maior vergonha! Além disso, mulher que bebe fica puta, dá pra todo mundo! Olha o ranking de bebidas ali mostrando isso com porcentagem e tudo! É que mulher também não gosta muito de sexo, só com o marido, bem comportada, aí o álcool deixa ela doida, ela começa a querer sexo, acredita? Então, mulher, saiba beber com dignidade e respeito às pessoas na tua volta. Também não pode deixar de beber de vez que aí tu é uma chata. Bebe um pouquinho, de preferência um vinho que te deixa comportada na mesa e uma puta na cama.


Sim, tá barbada ter diploma hoje em dia. Pra psicochorumista Carla Flávia, que escreveu essa beleza aí de cima nesse mar de chorume mulheronline.net, a mulher não pode ter barriga, ainda mais uma barriga de cerveja, porque uzômi não planejam se casar com uma mulher que bebe muito. WTF? Vamos tentar entender. Possivelmente, pra Carla Flávia “a cerveja, a caipirinha e outras bebidas” são bens que homens podem consumir! RÁ! Uzomi, dinovu. Mulher não pode beber, porque isso é coisa de homem. Se tu bebe, ele vai querer só CURTIÇÃO. ORA, MINHA DEUSA! Ômi quer casar com mulher SÃ, SÓBRIA – e sem barriga, claro. Tá com nada Carla Flávia!

O Gino e Geno também não tão com nada. Esses ômi! Essa pérola sertaneja aqui  (sim, acredite) consegue concentrar o maior número de preconceitos nos piores versos da história da música. É pouco?

caipirinha e uma menina que veio do interior
olha a gente que fascina e embreaga feito amor 
o vinho é uma leide na mesa doce serena
mas na cama é uma loucura, não tem peão que segura
pula feito um boi na arena

A vontade de controle sobre o corpo feminino precisa ser rompida. Com muito exagero e radicalismo, amigues! A gente poderia passar horas escrevendo esse texto. E com tristeza dizemos isso: a quantidade de limites imposto à mulher parece não ter fim nesse mundo. Desde gostar muito de sexo e ser considerada doente até ser chamada de frígida, quando não goza porque o ômi acha que sexo é todinho o seu pau. O limite é desde o tamanho do teu cabelo até a circunferência da tua panturrilha. 


Macholos não passarão. Carla Flávia, Gino e Geno e aquele amigo ômi aí do teu lado, que queimem junto com seus conselhos e “canções” absurdas na fogueira mais próxima! Hoje, depois de estourar a espumante ou beber muitas cervejas e tequilas, lembra de  anotar nas tuas resoluções de ano novo: romper com os limites do limite e me tornar empoderada de mim mesma, porque ser linda é ser revolucionária. 

By Ananda e Raquel

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