sábado, 21 de março de 2015

mulheres exageradas: Kathleen Hanna

“Eu tinha um namorado que se viciou em crack e começou a me perseguir. Mas eu não podia falar nada, porque eu era uma feminista e seria chamada de exagerada.” Kathleen Hanna, musa fundamental pra viver nesse mundo.

Acabo de ver o documentário "The Punk Singer", em lágrimas, e Kathleen Hanna é a concentração de extremos que existem em todas nós, mas que uma série de forças sociais insiste em normalizar. "Não me encaixo nas suas definições/ Não vou cumprir suas exigências idiotas". Kathleen é uma diva por ter sido considerada exagerada e odiada. É uma diva porque com outras mulheres incríveis fez do punk um som poderoso e transformador para uma geração de rebel girls, rainhas desse nosso mundo. Porque ela sempre teve certeza da importância do feminismo para as mulheres e jamais permitiu ser silenciada por slut-shaming, machistas escrotos, sexismo ou qualquer opinião mal informada sobre construção do poder feminino. Porque ela esteve junto de outras mulheres, fazendo Riot Girrrl. Porque ela radicalizou o sentido de liberdade feminina. 


Don't need you to tell us we're good 
Don't need you to say we suck 
Don't need your protection 
Don't need your dick to fuck 
We don't need you, we dont need you 
Us whores don't need you

Nós não precisamos de vocês pra dizer que somos boas
Não precisamos de vocês pra dizer que somos péssimas
Não precisamos de sua proteção
Não precisamos de seu pau pra foder

 
Does it scare you that we don't need you?

Te assusta não precisarmos de vocês?

A linda Kim Gordon lê parte do manifesto Riot Girrrl no documentário. E é lindo porque é simples e fundamental para nos construirmos, a cada vez, como incríveis mulheres revolucionárias: 

"Porque nós, garotas, queremos discos, livros e fanzines dirigidos a nós, que façam com que nos sintamos incluídas e que possamos entender do nosso jeito. Porque eu acredito, com todo o meu coração mente e corpo, que as garotas constituem uma força revolucionária que pode e irá mudar o mundo de verdade."


Nós amamos mulheres como a Kathleen Hanna. São mulheres como ela que desbaratam hegemonias e pacifismos ignorantes e lutam para que hoje nós possamos escutar Julie Ruin, em nossos próprios apartamentos e quartos ~com nossos lindos gatos gordos~

O documentário foi dirigido pela Sini Anderson e nós recomendamos muito que vocês assistam. Está disponível no youtube, aqui ó.


*Porque muitas mulheres geniais foram chamadas de exageradas (loucas e histéricas e agressivas e radicais) o blog agora passa a ter uma série só para essas mulheres maravilhosas - maravilhosamente exageradas. 

quinta-feira, 19 de março de 2015

o individualismo cego de cada dia

Aprendi com um filósofo bem legal (tio Foucault) e com a minha orientadora (da vida acadêmica e da vida vida mesmo; ela ia me matar se visse essa divisão de vidas aqui, mas é uma permissão “poética-blogueira”) que a gente precisa sempre estar atento aos problemas do nosso tempo. O que hoje parece circular por aí em vários lugares, conversas, discursos? Pois então, o que vejo rolando em discussões políticas, em deslegitimação do feminismo, em mesa de bar, em fofocas sobre os amigos é o seguinte: a galera não se desloca do seu individualismo, não consegue se ver (e nem os outros) como sujeito social, há uma crença de que cada um é uma coisinha especial e diferente e cada caso é um caso e que “eu não faço tal coisa”, “eu não digo isso”, “comigo ele é um cara legal”.

O que parece importar é só o que TU viu, o que TU sente, o que TU percebe. E o que acontece quando tu não experiencia nada, não percebe nada?? Aí tu não sabe NADA e deslegitima TUDO! 



Ouvi esses dias uma entrevista com o Fernando Haddad na Jovem Pan em que o inteligentíssimo entrevistador quis dizer que as ciclovias feitas pelo prefeito eram inúteis. Ok, até aí é só uma opiniãozinha de quem adora um cheirinho de carro novo e um ar-condicionado. Mas como ele quis mostrar que ninguém usa as ciclovias?? Dizendo que ele passa lá de carro e não vê ninguém andando de bicicleta. O prefeito trouxe dados sobre o número de ciclistas e sobre como funciona isso: primeiro se faz ciclovia e depois surgem os ciclistas. Mas, mesmo assim, a pessoa só lembrou dos 10 minutos por dia que ele passa ao lado da ciclovia e que ELE não vê ninguém. ELE não vê. Não interessa se mil pessoas dizem que veem, porque os olhinhos individuais e fofos dele não veem.

A mesma situação aconteceu com a manifestação de domingo. Uma galera falou: EU não vi nenhuma faixa de intervenção militar. Tem um milhão de fotos mostrando essas faixas, vídeos de gente defendendo a ditadura, mas EU não vi, então não aconteceu.

Isso acontece todos os dias nas tentativas de deslegitimação do feminismo. O maior medo dos anti-feministas é a generalização. TAN DAN DAN! Imagina, quando a gente fala OS HOMENS a gente tá fazendo uma generalização horrível e sempre tem um homem pra nos dizer: nem todos os homens, ou eu não faço isso. 

Não precisa ter medo da generalização quando se está lendo uma análise social. É óbvio que não são absolutamente TODOS os homens do mundo que fazem certas práticas machistas, mas quando falamos OS HOMENS estamos falando desse sujeito que carrega marcas sociais e discursivas, que é social, que produz verdades que se reproduzem nas mídias. Não é tu homem, aí sentado no teu sofá, vivendo a tua vidinha, é o homem social, o sujeito que representa uma série de coisas. Tu, homenzinho específico, pode se encaixar nesse homem social às vezes, e outras vezes se distanciar disso. Isso se chama ser uma pessoa complexa, que muda, que se assujeita a diferentes enunciados existentes ao teu redor. Parabéns, tu é um ser social!



O texto mais lido desse blog (até agora não entendi, até tenho peninha dos outros textinhos que são tão legais) é sobre empoderamento e higiene feminina. Esse texto tem mais de 400.000 visualizações. Por isso chamou tudo que é gente pra comentar. Rolou briga, rolou discurso de ódio, passamos dias respondendo cada um dos comentários tentando iluminar essas almas perdidas que aqui vieram nos reduzir a feministas mal-comidas e peludas. Pra quem não fez parte dos 400 mil, o texto fala sobre a higiene feminina ultrapassar a questão saúde e chegar em um ponto opressivo, não permitindo nenhum sinal de “sujeira”, de “natureza”, de “corpo” na mulher, mas, ao mesmo tempo, esse tipo de comportamento não se aplica aos homens que não precisam se depilar, usar tudo que é tipo de produto para evitar todos os seus odores naturais. Claro que a galera achou que a gente estava defendendo que as mulheres TODAS deveriam parar de tomar banho, deixar crescer todos os pelos do corpo, nunca mais usar desodorante e ainda exigir que TODOS os homens do mundo achem elas sexys e maravilhosas. Não foi bem assim, gente.

Vou usar como exemplo alguns comentários que se seguiram nesse texto, mas que representam o individualismo exacerbado que podemos ver em qualquer discussão (sério, desde que conversa na reunião de condomínio, até debates políticos):






Todos esses comentários fazem a mesma coisa: trazem uma experiência pessoal para deslegitimar uma análise social. Isso porque as pessoas parecem não conseguir enxergar discursos que circulam na sociedade. Tudo bem que tu não pensa certas coisas, mas tenha a inteligência de perceber que elas existem. Eu não acho que mulher que usa minissaia é vadia, mas esse é um discurso que existe. Eu não acho que homem não pode chorar, mas esse é um conhecimento bastante forte na sociedade. Eu não acho normal e engraçado um cara arrotar, mas isso está nos filmes, na TV, na vida por aí. Não é porque tu não acha uma coisa que ela não existe. O mundo é muito maior do que os teus achismos. 

As generalizações vão acontecer num bom texto de análise de comportamento. Até porque não são generalizações, são recortes de modos de pensar e agir que se tornam relevantes para pensar a atualidade. Comparar as práticas de higiene do homem e da mulher é relevante e é, sim, predominante o pensamento de que mulher tem que ser mais limpa e cheirosa que homem. Se tu só gosta de homem depilado e cheirando a rosas, legal, vai lá e aproveita teus gostos, mas não ache que isso se aplica aos outros e nem que isso deslegitima um pensamento dominante.



Para ficar mais claro, toda vez que tu te vê numa discussão sobre qualquer assunto que rola pelos faces da vida, não faça o seguinte:
EU não acho
EU não faço
EU não vi

Esquece o EU individual e sozinho no mundo e lembre que não há saber neutro. Tudo é político. As tuas decisões mais cotidianas são políticas. A roupa que tu usa, a comida que tu come, o teu emprego, o teu cabelo, o teu peso, o teu meio de transporte. TUDO é social. Tu não tá sozinho nas tuas decisões e as tuas percepções não representam a verdade do mundo.

Isso vale também pra quando tu tá fofocando com os teus amigos sobre o pobre amigo que teve a infelicidade de não ir no bar aquele dia. Quando um dos teus amigos fala assim: “esse cara é tri machista!” Tu não pode dizer: “comigo ele nunca foi!” Isso não é argumento. Aí a pessoa conta: “esse cara não deixa a mulher sair sozinha e usa “viado” como uma ofensa!” E tu responde: “mas comigo ele é super respeitoso, nunca foi homofóbico e é um querido!” Não, não faça isso. O jeito querido que esse amigo é contigo não muda o fato dele ser homofóbico. Pode continuar sendo amigo dele, mas reconheça que não importa só como ele é contigo, mas como ele é como um sujeito social.

Olhar para os outros e pra si mesmo como fazendo parte de uma gama de discursos é muito libertador! Tu te conhece melhor, tu vê o teu papel na sociedade como produtor e reprodutor de ideias. E isso não significa não te preocupar contigo e achar que tu é igual a todo mundo. Na verdade, se ver como fazendo parte dessa massa de gente que vive por aí te faz perceber que as tuas pequenas ações são super importantes para as mudanças que tu quer no mundo. Não adianta fechar os olhos e dizer que não existe machismo, nem racismo, nem homofobia só porque tu não vê, ou tu não é. Reconhecer o quanto tu faz parte das coisas ao teu redor é um ato político libertário (e até lindamente anárquico).

quarta-feira, 11 de março de 2015

o que passa pela nossa cabeça quando reconhecemos nossos privilégios

Tenho pensado muito sobre porque é tão difícil falar sobre feminismo, porque tem tanta gente com tanto ódio de feministas. E especialmente homens, muitos homens odeiam feministas. Junto com isso, vejo vários outros ódios e militância contra causas de minorias, causas que só querem trazer mais igualdade e uma vida melhor para todo mundo. Esses odiadores do feminismo parecem inverter os valores. A mesma coisa acontece com essa palhaçada de dia do orgulho hetero. O que acontece nessas situações? O que se passa na cabeça de uma pessoa privilegiada que ela acha que está perdendo seus direitos no momento em que minorias reivindicam uma vida melhor? Bom, cheguei a algumas conclusões que levam em conta o reconhecimento de privilégio. Realmente não é fácil se reconhecer privilegiado.

Primeiro, vamos ver algumas categorias básicas de privilégio:

Homem
Heterossexual
Cisgênero
Branco
Classe média/alta
Magro

Assim que nossos privilégios são colocados na nossa frente, a gente tem duas escolhas: podemos rejeitar essa verdade dolorida esfregada na nossa cara, ou podemos aceitar a verdade e começar a realizar pequenas mudanças na nossa vida.

Eu tenho os meus privilégios, assim como, provavelmente, tu aí que tá lendo esse texto (não precisa te encaixar em todas as categorias, uma já é suficiente). Eu escolho todos os dias (sim, todos os dias, essa é uma luta diária que tu deve ter contigo mesmo) reconhecer que sou privilegiada e tentar fazer realmente diferença em situações de opressão.

O privilégio é um tapete mágico que te permite voar por cima das preocupações dos outros sem ter que olhar para baixo. E olhar para baixo é difícil, dá torcicolo. 

Se nesse momento do texto tu ainda não entendeu ou sentiu nem um pouquinho o teu privilégio, por favor, pare de ler. O que escrevo aqui é para aqueles que estão sentindo o medo e a raiva de ter que escolher pela verdade do privilégio. Continue e vamos ver quatro pensamentos desconfortáveis que passam pela nossa cabeça quando a gente precisa se reconhecer como privilegiado e, de repente, conseguir mudar as nossas atitudes.



1 – Eu sinto que sou acusado como vilão

Ninguém gosta de pensar que é uma má pessoa. Ninguém é mau, vilão de novela é uma coisa que não existe. Por isso, ninguém gosta de ser acusado como alguém que faz mal aos outros. Quando tu é identificado como alguém que se beneficia de machismo, racismo, homofobia, discriminação social, tu automaticamente te vê como um vilão que perpetua privilégios e preconceitos. Portanto, o mais fácil é negar os privilégios que tu tem, assim te livrando do papel de vilão.

E aí que começa a inversão de papéis. Quando um homem é apontado como perpetuador do machismo, ele se sente na hora acusado de estuprador, opressor maligno de mulheres. Mas ele tri se acha um cara legal. Pra se defender, ele tenta virar o jogo, apontar o que ele vê como privilégio feminino. Aí ele fala “mas os homens nem têm um dia só pra eles”, “as mulheres nem precisam se alistar no exército”, “as mulheres têm a lei Maria da Penha e os homens nem têm uma lei própria”, “homens morrem muito mais do que mulheres”. Homem, isso é tudo verdade, tu tá certo. Tu só tá errado num pequeno detalhe: essas continuam sendo amostras dos teus privilégios e não das mulheres. 



Ou ainda tem aqueles que partem para ataques pessoais na tentativa de invalidar o argumento de quem tá apontando o privilégio. E aí mais privilégio aparece quando o cara fala: “tu é uma mal-comida, frustrada, mal-amada, gorda, feia”. Ou então: “as feministas odeiam homens e estão querendo uma ditadura”. Clássico argumento para invalidar uma luta que aponta privilégios. 

Querer que os homens reconheçam seus privilégios sociais, econômicos e políticos = odiamos os homens. Hmm, acho que tem alguma coisa errada nessa lógica. 

É normal se sentir apontado como vilão quando reconhecemos nossos privilégios. Mas fugir disso é fugir de autocrítica e transformação para melhor. Se tu sente essa espetada do reconhecimento do privilégio, para e escuta. Não sai gritando, te defendendo, negando tudo e invertendo papéis, só escuta um pouco pelo menos uma vez na tua vida.

Sim, isso é difícil. Uma das melhores coisas de ser privilegiado é que quase nunca somos censurados. A gente sempre pode sair por aí dizendo a nossa opinião sobre tudo. Aí chega alguém e nos diz que a gente tem que ficar quieto e ouvir? Como assim, isso é censura, eu tenho os meus direitos!! Ok, mas se tu quiser ser uma pessoa melhor e não oprimir minorias, tu vai ter que aguentar, ficar quieto, considerar que a tua opinião não é tão importante assim e escutar o que os outros têm para te ensinar.

2 – Eu sinto que toda a minha família está sendo atacada!

Se eu sou privilegiado, provavelmente toda a minha família também é. Ah, não, aí é demais, vocês tão atacando a minha familinha querida que nunca fez nada pra ninguém. Meu pai trabalhou a vida toda, a minha mãe criou os filhos com tanto amor (ui, olha o machismo aí!). Eles são anjos!

Quando alguém da nossa família passou por algum tipo de dificuldade na vida, a gente já pensa que é impossível então sermos privilegiados. Pô, olha como meu pai se fodeu na vida pra ter a empresa dele! Isso não é privilégio, isso é trabalho duro!

Uma das coisas mais interessantes do privilégio é que tu não precisa se dar conta que ele existe para que ele trabalhe a teu favor.

De novo: para e escuta. Não é porque tu ou a tua família sofreram de alguma forma que vocês não são privilegiados.



3 – Mas eu não me sinto privilegiado.

Claro que não! Lembra que o privilégio é esse tapetinho mágico que te faz flutuar lindamente por cima de qualquer problema? Pois é, esse tapetinho é invisível!

Quem sofre perdas e considera que trabalha bastante, automaticamente não se sente privilegiado. Como posso eu ser privilegiado se eu nem tenho uma mansão com três piscinas cheias de espumante? Eu to aqui trabalhando das 8h às 18h! Eu to aqui parado nesse trânsito infernal todo dia pra conseguir dinheiro para sustentar a minha família! Eu ajudo a minha mulher em casa!



Reconhecer privilégio parece que é o mesmo que reconhecer que tu não merece o que tu tem, que tu não trabalhou para conseguir conquistar o que tu possui. Não é nada disso. Claro que tu merece as tuas coisas.

Reconhecer o teu privilégio não diminui as tuas conquistas. Só te mostra que a tua linha de partida para conseguir o que tu quer não fica no mesmo lugar para todo mundo. Alguns precisam começar bem mais para trás. A tua linha de partida é o teu privilégio. Tu ainda vai ter que correr pra chegar no teu objetivo, mas vai ter que correr um pouco menos que outros. 

Dá uma olhada pra trás e reconhece a posição que tu ocupa. De repente tu vai conseguir ajudar algumas pessoas no caminho.

4 – Mas assim estão pedindo para que eu mude!

Pois é, estamos. Mudar é sempre difícil, mas pode ser muito bom pra ti e para os outros na tua volta!
É mais difícil ainda quanto tu não acha que faz nada de errado. Tu só tá vivendo a tua vida como qualquer outra pessoa, tu tem a tua casa, teu trabalho, sai com amigos, faz caridade, consome, te diverte, é legal com os teus amigos, faz piadas. Só isso, eu sou super legal! Por que eu devo mudar? Porque o teu privilégio machuca e oprime. Reconhecer isso sem fazer birra é muito importante para diminuir o impacto desses privilégios todos.

Tu não tem escolha, não importa o que tu faça, tu vai continuar sendo privilegiado, não tem como fugir da tua classe social, da tua identificação de gênero, da cor da tua pele. Então, não adianta negar, não adianta gritar, xingar as feministas, sair pra rua no dia do orgulho hetero. A única coisa que tu pode fazer é aceitar isso todos os dias. Enxergar todos os dias onde o teu privilégio te leva e onde a tua opressão começa. Escuta, lê e usa esse espinho na tua pele pra fazer alguma diferença de verdade. 



inspiração, tradução livre, cópia desse texto aqui!

sábado, 7 de março de 2015

crespos, beleza real e todo o blá blá blá

Às vezes é importante a gente voltar a temas bem básicos, quase num processo de autoajuda, que é pra não esquecer o que a gente realmente pensa sobre os fatos que envolvem se construir mulher todos os dias. Então, esse textinho eu direciono pra todas as crespas que caíram, em algum momento, na armadilha social da progressiva; pras crespas aguerridas que exibem seus crespos (e vejam, não estou dizendo cachos) na cara da sociedade, que mal se aguenta diante de qualquer sintoma do que considera irregular; e pra todas as minas que, de alguma forma, exercem autojulgamentos capilares de variadas ordens.

A gente já falou aqui um pouco sobre representações de mulheres gordas que circulam por aí e do que se passa quando algo sai da margem pro centro. A vendida "beleza real" é tão surreal quanto a beleza mais padronizada de todos os mundos. É só lembrar da modelo plus size da Calvin Klein e de tantas modelos gordas que, na verdade, são magras. 

Ainda não me conformei com a plus size da Calvin Klein. É sério isso, mesmo?

O mesmo processo se dá para cabelos. Há um padrão reconhecidamente afirmado, todos os minutos. E há uma apropriação dos possíveis desvios, para torná-los padrão - o padrão "da beleza real"; o padrão que se aplica ao que é "de verdade". Então o crespo vira "cacheado" e se a gente procura no google "cabelos cacheados", encontra uma série infinita de cabelos enrolados por babyliss. 

Gente, isso é cabelo liso com cachos e jamais, nessa vidinha, acordaremos assim. 
E queremos?

Em geral, para a maioria das páginas sobre cabelos crespos, o grande segredo está na hidratação, feita para "domar" o cabelo e "controlar" o frizz. Minha gente! A gente pode amar babyliss (sou fã em muitos momentos) e fazer hidratações mil (sempre). Mas o problema é quando esse produto crespo inexistente que aparece na propaganda de xampu e que, na verdade, jamais vai representar o teu cabelito na maior parte dos dias da tua vida passa a ser desejado: Tanto quanto ser magra. Tanto quanto ser alta. Tanto quanto ser loira. É, de certa foma, ainda uma maneira de transformar o indomável e o incontrolável no padrão mais corriqueiro - e inalcançável.

O grave é quando a gente cai na cilada de fazer progressiva pra se adequar, pra acordar de manhã e ser mais fácil de ajeitar a melena, pra não "agredir" ninguém na rua. Porque existe uma representação sobre o crespo certo a se ter - e esse crespo certo opera, na verdade, do mesmo modo que o liso padrão. Jamais vi em qualquer propaganda de xampu pra cabelos crespos o meu cabelo representado. Assim como o meu corpo. Assim como o meu nariz. Assim como qualquer aspecto físico que me identifique, socialmente, como mulher. E isso é por que sou, como todas as mulheres, bizarra? Não. Isso é porque a beleza real que a  comercializa não passa de mais um padrão construído, cuidadosamente.

Essas mulheres ainda mantém inúmeros padrões. Sinto muito. Além disso, nenhuma delas rompe com os grandes traços rejeitados pela indústria.

Há cinco anos passo os dias convivendo com centenas de adolescentes que, talvez, desconheçam as amarras de inúmeras ditaduras sociais as quais estão submetidas. E, talvez, queiram ser a Taylor Swift, de muitas formas. Eu vejo um exército de meninas entre 14 e 16 com cabelos alisados por progressiva, compridos e loiros (talvez cachos nas pontas). Todas exatamente muito parecidas. E a diferença, onde fica?

Anti-frizz da Dove, pra um crespo considerado estranho, louco, incomum ficar exatamente padrão. Nem a Marge se safou da indústria.

Aliás, todas precisam perder as diferenças. 

A mulher pode ser o que quiser, é claro. Mas é importante que a gente conheça os possíveis sentidos das supostas escolhas que fazemos. Porque elas nunca são neutras, apolíticas. Porque, infelizmente, me pego observando, cotidianamente, mulheres se fazendo elogios por estarem magras ou por terem feito uma escova no cabelo. Porque mulheres que não pesam 50kg são tratadas como inferiores, mas todXs Xs hipócritas falam sobre aceitação e amor ao próximo. E isso tudo reverbera nessa construção, pouco a pouco, de meninas bem jovenzinhas se transformando em cópias e cópias e cópias do que a indústria definiu, pra que possam pertencer.

Passei a vida inteira tendo um crespo não padrão e sendo zoada por isso na escola etc. Ia no salão e saía de escova, porque a maior parte dos cabeleireiros acha que precisa finalizar teu corte com uma escova. Aí experimentei progressivas, me escravizei e RÁ: a grande descoberta veio com o tempo e um pouco de estudo, de que meu cabelo mais bonito e mais representativo é, exatamente, o crespo que sempre tive e que a adolescência somada à oferta da indústria fez questão de massacrar. O que eu espero que vocês entendam, mulheres crespas e divas, é que, apesar das progressivas e de tantas ciladas, a gente supera a transição, vai aos poucos voltando a cultivar a beleza enrolada e imprevista, vai devagarinho voltando a amar exatamente o que a gente é - talvez a gente escorregue, porque o apelo é grande. Mas é possível sim e muito mais bonito.


sexta-feira, 6 de março de 2015

pode homem no feminismo?

Quando a gente passa a dedicar um tempo maior da vida e um espaço maior na cabeça para questões sociais e lutas de minorias, a gente começa a entender um monte de coisa, a perceber preconceitos próprios que a gente nem sabia que tinha, a notar comportamentos errados que ninguém mais percebe. A gente começa, também, a ver muito preconceito e coisa errada dentro das próprias lutas. Às vezes, com a intenção de defender direitos, a gente acaba criando mais regras, mais segregação e só gera ódio. Tenho visto isso em algumas discussões específicas dentro do feminismo e diria que a mais polêmica é a participação masculina no feminismo.

Antes de qualquer coisa, já adianto que SEMPRE defendo as mulheres e entendo qualquer tipo de ataque que mulheres possam fazer aos homens. Esperar que as mulheres sejam calmas e pacíficas é a mesma coisa que cutucar um tigre dentro de uma jaula por anos, soltá-lo e esperar um abraço. Não espere calma e ponderação, espere pedras e gritos. Não tem como exigir outra coisa.



Daí vem a tal da misandria. Eu, particularmente, adoro uma misandriazinha, adoro provocar uzomi, adoro rir da cara de omexplicanista que acha que pode ditar regras sobre feminismo, que acha que feminismo é contrário de machismo, que feminismo é uma ditadura, que machismo não existe mais, que feminista é tudo louca neurótica. Esses ômi merecem muita misandria. E misandria não é só piada, é tática de luta. A Simone de Beauvoir aponta, no seu livro “O Segundo Sexo”, que um dos problemas da luta feminista é a difícil separação do homem e da mulher, o que não acontece em outros movimentos de minoria, que conseguem se separar da situação de opressão. A mulher tem mais dificuldade de se separar do homem, até porque muita mulher assume o discurso machista pra si, fazendo um monte de homem pensar que as feministas são todas piradas mesmo, porque olha só que legal essas outras mulheres bem comportadinhas concordando comigo.

Por isso nunca foi fácil defender o feminismo e por isso esses ataques todos que fazem com que as feministas sejam vistas como odiadoras de homens. E muitas vezes nós somos mesmo, não dá pra evitar. Por mais amorzinho querido que um homem seja, ele não sabe o que é ser mulher, ele nunca vai saber, aí ele pode achar que por ele ser muito legal e compreensivo ele pode falar o que pensa, aí ele pega e fala merda. E aí a gente pira, xinga, grita e o homem não entende. 



E com isso vem o assunto polêmico da participação masculina no feminismo. Qual é afinal o lugar do homem nesse movimento que é de mulheres? Por que eles querem participar? De que forma eles participam? Até onde eles podem se meter? Como diferenciar ajuda de tentativa de protagonismo? Precisamos mesmo de ajuda?

Um dos maiores medos que as mulheres têm de homem participando do feminismo é que o movimento acabaria só sendo legitimado com a voz masculina, com a aprovação masculina. E, obviamente, não é isso que a gente quer. A gente não quer ter nosso movimento roubado das nossas mãos, a gente quer poder decidir como, quando e onde lutar sem que nenhum homem nos venha cagar regra, como acontece em muitos outros momentos da vida. Quantas vezes na vida mulheres passam pela seguinte situação no trabalho, por exemplo: reunião com toda a galera do trabalho, a mulher dá uma ideia e essa ideia é descartada, ou nem ouvida; aí a mulher fala no ouvidinho do ômi do lado dela, ele repete pra galera e ganha uma salva de palmas pela brilhante iniciativa. Sim, parece neurose, mas acontece o tempo todo. É exatamente isso que pode acontecer com o feminismo se os homens tomarem conta. Vai deixar de ser feminismo, na verdade, vai passar a ser um bando de homem dando um pouquinho mais de direitos para as mulheres, mas só até onde eles se sentem confortáveis.



Mas uma outra coisa acontece: a regra de que homem não pode participar, falar, nem pensar no feminismo nunca na vida dele. Eu acompanho alguns grupos feministas, uns são só de mulheres e outros têm homens também. Esses que também têm homens são lugar de briga entre homem e mulher o tempo todo. Uma menina posta um texto, aí um cara vai lá e comenta. Meu deus, ele é destruído na mesma hora, surgem 250 milhões de gurias dizendo que ele tá querendo ditar regras no feminismo. Ok, é delicado um cara falar que não concorda com alguma coisa no feminismo, provavelmente ele tá errado, mas ali no grupo é o local de conversar sobre isso. Não se pode ditar regras tão brutas e de segregação em uma luta que busca por igualdade. Não se pode simplesmente dizer que homens não podem participar do feminismo sem pensar um pouquinho mais sobre isso. 

Têm várias coisas que os homens não podem fazer dentro do feminismo mesmo, a mais importante seria negar a dor feminina. Homem não pode, de jeito nenhum, dizer que uma mulher exagerou ao falar sobre seu sofrimento em relação ao seu gênero, porque ele não sabe o que é isso. Seria a mesma coisa que um branco falar que o negro nem sofre tanto assim, ele é que exagera. Isso é burrice, egocentrismo, falta de conhecimento sobre alteridade. Mas isso não significa que o homem não tem lugar no feminismo, até porque muitos reconhecem o quanto seria melhor pra eles se o mundo fosse feminista, enxergando o quanto eles também (não na mesma medida) são assujeitados pelo machismo.

Falar sobre esse assunto sendo feminista me coloca numa posição muito delicada. A cada palavra escrita eu posso cair na armadilha de defender homens e falar mal de mulheres. Porque o feminismo é exatamente isso: viver no perigo da segregação, ou "traição" do movimento. Para ser feminista precisamos aceitar essas ciladas. Não tem como separar homens e mulheres no mundo, o movimento feminista não é de segregação, mas de tentativa de viver juntos com igualdade de direitos. Acreditamos que isso é possível. Por isso não podemos expulsar tão rapidamente os homens do feminismo. Também não to querendo dividir igualmente a participação, de jeito nenhum. Vamos pensar juntas onde os homens podem atuar e realmente ajudar. Assumir o vocabulário misândrico sem entendê-lo não funciona. 

Isso é que caracteriza fundamentalmente a mulher: ela é o Outro dentro de uma totalidade cujos dois termos são necessários um ao outro. – Simone de Beauvoir

O papel dos homens no feminismo talvez seja com outros homens. Um homem realmente não vai ter o que fazer discutindo sobre feminismo com uma mulher, mesmo que ele saiba um monte de coisa, que leia, que seja super legal e defensor das minorias. Nesses casos surge o esquerdomacho. Para quem não está familiarizado com o termo, o esquerdomacho é aquele carinha que é tri de esquerda, inteligente, lê muito, se diz contra padrões de beleza, se diz inclusive feminista. Exatamente pelo esquerdomacho estar tão próximo do feminismo é que ele faz merda. Ele é tão super amigo das feministas que ele pensa que é igual a elas, que ele pode dizer que isso é legal, mas aquilo não tanto. E ainda usa de opressões machistas sem nem perceber.



Homem “feminista” é aquele que não tem medo de defender o feminismo na frente dozamiguinho machão. Que participa de grupo feminista, conversa com as gurias, tira dúvidas e vai lá dizer pro pai dele que a irmã pode sim dormir no quarto com o namorado. O homem que defende o feminismo não deixa a própria mãe cuidar da casa sozinha e lavar as cuequinhas dele. Esse homem que a gente aceita no feminismo é aquele que não “ajuda” a mulher, mas divide igualmente as tarefas, não importando qual seja. 

Se tu é homem, acredita na causa feminista, convive com feministas, lê sobre isso e quer participar, tudo bem, esse espaço pra ti pode existir, mas primeiro tu precisa abandonar uma coisinha que eu sempre vejo nesses caras “super legais”: não pode dizer “eu acredito no feminismo, mas tem umas feministas muito exageradas”. NÃO PODE, tu não sabe nada. Se tem feminista “exagerada” é porque tem que ter exagero e radicalismo mesmo e elas sabem o que sentem.

Também não espera aplausos por tomar boas atitudes e assumir discursos feministas. Tu não é nada demais por isso, não faz mais do que a tua obrigação como um cidadão decente. Toma cuidado com o que tu diz e pra quem tu diz. Não discorda tão rapidamente de uma feminista, ela sabe mais do que tu sobre o assunto, tu tem que ficar quieto, ouvir, pensar, olhar pra si mesmo e ver de que forma tu pode desconstruir o próprio machismo. Não entra num grupo feminista com o intuito de limitar as feminazi, a gente quer ser ditadora às vezes, isso é necessário e tu não tem que achar ruim. 

Gurias feministas, vamos continuar nadando no mar de male tears, vamos continuar sambando na cara de homenzinho de merda, vamos continuar nos empoderando. Mas não vamos dizer que homem tem que ficar longe do feminismo. Vamos convidá-los a aprender um pouco com a gente e mostrar o quanto o cara mais legal do mundo ainda é machista.

Eu sou contra a história de que homem não pode falar sobre feminismo, branco não pode falar sobre racismo, rico não pode falar sobre problemas sociais. Claro, nenhuma dessas classes dominadoras aí pode querer ensinar às minorias como lutar e como pensar, mas pode falar sobre o assunto, pode pensar, pode ler. E, principalmente, pode se reconhecer como privilegiado e fazer o possível para não abusar desse seu lugar e minimizar tudo que tu puder. Quer ajudar as minorias? Então saiba onde tu pode te meter, até onde tu pode ir, dá um passinho pra frente com muito cuidado, revisando cada detalhe das tuas atitudes. E se te receberem com raiva não leva pro lado pessoal, não é contra ti como indivíduo, mas contra ti como sujeito social que carrega discursos opressores que o pessoal reage. E eles estão certos. Menos mimimi sem informação, mais solidariedade e alteridade.

quarta-feira, 4 de março de 2015

maziuzomi

Na mesma semana em que estamos nos aproximando do dia da mulher passamos por um avanço legislativo em relação a violência contra a mulher: feminicídio passou a ser considerado crime hediondo. Além disso, todo tipo de coisa legal tem sido publicada sobre o dia internacional da mulher, sobre a necessidade de ressignificar essa data para ser um momento de luta e não de dar parabéns e flores compradas na sinaleira. Tudo lindo. Aí a página do Face do Conselho Nacional de Justiça publicada essa imagem:



Até aí tudo continua lindo. E então chegam uzômi fazendo omice e mimimi. E o mundo volta a ser feio outra vez. Lendo os comentários dessa imagem, eu fiquei me coçando pra entrar em mais uma das minhas lendárias discussões de face, mas resolvi me poupar de gente louca e me divertir escrevendo aqui e rindo da cara deles. E, claro, tentando explicar mais uma vez o quanto é ridículo falar “Tá, maziuzômi?”. Antes de continuar: li TODOS os comentários dessa imagem, e TODOS os comentários machistas foram feitos por homens e a mulherada tava lá enlouquecida tentando não se afogar nas male tears.



Viver sem violência não é um direito da mulher é um direito de TODOS

Claro que viver sem violência é um direito de TODOS. Existe um probleminha de interpretação aqui que acontece sempre (tô me dispondo a dar aulas de leitura e produção textual pra quem não quiser mais passar vergonha na internet, ok?). Algumas pessoas acham que proteger um grupo é ser contra outro. Tipo, tem sempre uns loucos que falam assim quando eu digo que sou vegetariana: Ah, e pras crianças de rua tu não tá nem aí, né?. What?? Porque eu me importo com a violência contra animais quer dizer que eu não me importo com crianças pobres? Acreditem, essa lógica existe e espalha pânico por aí. Vamos esclarecer: falar que a mulher tem o direito de viver sem violência não é a mesma coisa que dizer que SÓ a mulher tem o direito de viver sem violência. 



Fala sério, página sexista demais... tira essa feminista nazista do controle do Facebook pelo amor de Deus.
Violência assola todas as pessoas na sociedade, e um fanpage da "justiça " fica sendo totalmente parcial e sexista, como é que pode um negocio desses.

Olha a lógica contrária do seromano aí em cima: defender a mulher é ser sexista. E ainda dizer que violência assola todas as pessoas na sociedade. Aí esse cara tá esquecendo de todas as outras minorias, tá comparando violência contra negros com violência contra brancos, por exemplo. Aposto que ele é a favor do dia do orgulho hetero, afinal, direitos iguais, né? Defender alguém que sofre muito mais violências (aliás, existem tantas violências diferentes), que é oprimido e considerado inferior só pode ser uma atitude sexista, certo? Lógica perfeita, ominho.



"coitadismo" não leva ninguém a nada , mulher não é frágil , mulher é forte e sempre foi

Outra burrice sempre trazida peluzômi preocupadíssimos em defender a força feminina. Quando abordamos situações de violência contra a mulher e apontamos a mulher como vítima não é “coitadismo”, ninguém tá dizendo que as mulheres são pobres coitadas que precisam de proteção. Aliás, se a mulher não fosse super forte eu não sei o que já teria acontecido com a sociedade, de repente todas as mulheres teriam se matado já de tanto sofrer. A mulher é forte e sempre foi, mas infelizmente isso não é suficiente com o nível de machismo que ainda circula por aí. Vide comentário fofo acima (e abaixo).



e os homens? cade nosso direito em? que pagina sexista

Não é possível, isso realmente existe!!! Meus olhos brilham, meu coração pula. De ódio, claro. Realmente tem ômizinho idiota que acha que não tem direitos, que quando se fala na violência contra a mulher estamos tirando os direitos deles. Iuzomi, iuzomi, iuzomi???? Uzômi já tão cheio de direitos, meu querido! 



Enquanto houver homens sofrendo do mesmo tipo de violência, não podemos falar em direitos iguais...

Homens sofrendo o mesmo tipo de violência? Ah, então homens são estuprados? Apanham das suas esposas? São obrigados a fazerem todas as tarefas da casa? Precisam transar com a mulher mesmo quando não querem? Apanham só porque falaram a palavra errada ou o tom de voz que a esposa não gostou? Precisam pensar cuidadosamente sobre cada peça de roupa que colocam para não serem culpados pela violência que sofrem? Hmmm, acho que a resposta para todas essas perguntas ééé.... NÃO! Portanto, cala a boca, ômi!



Não existe melhor proteção contra a violência do que a Legítima Defesa. Mulher: faça já o seu pedido de compra de arma de fogo. O Estado não pode prevenir, ele pode, nó máximo, remediar.

Partiu se armar, mulherada? Vamos sair com armas de fogo na rua, atirando em todos que nos violentarem. Só acho que o carinha aqui não se deu conta que ia ser uma chacina louca, porque a gente é violentada o tempo todo. E nem vou discutir sobre a ideia de armamento da população, porque esse é outro tópico complexo.



Aí depende né... Se for apenas contra mulher... aí sim tem lei... pq não conhecço nenhuma lei contra violência doméstica contra HOMENS NÉ Conselho Nacional de Justiça (CNJ)... uma piada feminista... é isso que o judiciário é... além de ser uma piada é o poder mais corrupto no país..

Sim, estamos super precisando de uma lei contra violência doméstica contra homens. Tadinhos, todos os dias sendo abusados pelas suas malvadas mulheres. Aham, é tri significativa essa estatística. Desculpa, adoro uma piadinha feminista!



Concordo mais acho que tem mulheres de ma fé e usam a lei para prejudicar seus ex conjugue, por magoa, entre outros motivos, muitas delas usam a medida protetiva para afastar os filhos de seus pais, poderia ter mais investigação pois qualquer mulher de má intensão ou mal amada pode colocar os ex na cadeia

OMG!! Outra lógica presente em discussões de diversas temáticas: querer deslegitimar uma luta por causa de exceções. Clássico. To começando a achar que essas pessoas seguem um manual de como ser um retardado em discussões importantes. Primeiro: já é super difícil para uma mulher que realmente sofre violência doméstica conseguir provar isso, denunciar o marido e ainda afastar os filhos do pai abusivo. Imagina se ainda ia ter um monte de mulher se prestando a passar por isso só pra se vingar do ex!! E, na real, como eu sou uma feminazi ditadora, eu acho que se a mulher faz isso ela deve ter algum motivo que a sociedade machista não entende. You go, girl! Inspire-se na Amy, melhor vingança feminina da história do cinema!!



morrem mais homens do que mulheres no mundo.....cadê leis que protejam os homens tbm?????

Claro que morrem mais homens do que mulheres no mundo. Os homens é que vão pra guerra, que são a maioria de policiais, de traficantes, de trabalhadores em situações de risco etc. Ou seja, só morrem mais homens porque os homens é que tão por aí podendo ocupar todos os tipos de posições na sociedade. E quanto às leis para os homens: TODAS as leis são para os homens, não precisa ter uma específica.



Se apanhou uma vez, não teve culpa, se apanhou duas, três, quatro foi totalmente culpada. Qualquer mulher que se preze, escolhe um homem decente para casar, se não soube escolher e apanhou pela primeira vez, ainda tem a chance de sair disso, depois disso se torna cúmplice.

JAMAIS a violência é culpa da vítima. NUNCA! Mesmo depois de apanhar 250 milhões de vezes. São muitas as coisas que impedem uma vítima de denunciar seu agressor, principalmente quando falamos em violência doméstica. Existem obrigações, discursos, estereótipos, medos, opressões, inúmeros causas que vão para além da violência física. Uma vítima nunca é cúmplice de seu agressor.



A vida da mulher vale mais que a dos homens, ja nao basta todos os privilégios e essas vagabundas clamam por mais "direitos", IGUALDADE É O CARAMBA!

E pra fechar com chave de ouro: um ômi falando que as mulheres têm mais direitos que os homens enquanto as chama de vagabundas! Vou tentar ser uma pessoa calma e inteligente e desconstruir o que esse babaca tá dizendo. Provavelmente ele se refere aos privilégios que as mulheres têm que, na verdade, são considerados pelas feministas como machismo. Por exemplo: licença maternidade. Uzomi adoram dizer que as mulheres não têm do que reclamar, porque ômi tira 5 dias de licença e mulher tira 4 meses. Sim, isso é privilégio, claro, colocar todo o peso da criação dos filhos em cima da mulher e defender que o homem tem que trabalhar. Ou ainda: mulher não precisa se alistar no exército. Ominho adora reclamar disso e esquece que a mulher não precisa se alistar e ainda mal consegue seguir uma carreira militar se quiser, ou seja, poder ser militar é um privilégio dos homens e não é visto como “coisa pra mulher”.



Todo dia tem uma merda diferente. A luta mal começou.