quarta-feira, 1 de abril de 2015

esquerdomacho desnecessauro

Já escrevemos aqui sobre a participação masculina no feminismo e o quanto isso é extremamente polêmico. Nesse mesmo texto, falamos sobre o tal do esquerdomacho. Mas essa figura precisa de um texto só pra ele, porque tá foda aguentar.

Eu sou uma chata e briguenta pra maioria das pessoas que eu conheço. No entanto, essas pessoinhas não sabem o quanto eu sou pacífica, paciente e cheia de esperança na humanidade. Se eu não fosse assim eu não ia me iludir todos os dias e quebrar a cara diante de esquerdomachismos e coisas afins. Apesar de levar esses tapas na cara, eu ainda me iludo que quando alguém segue certas ideologias essa pessoa deveria ser legal, não deveria ser preconceituosa. Infelizmente não é assim. Tu tá lá num grupo feminista bem faceira achando que só tem mina do bem e daqui a pouco dá de cara com transfobia. Tu acompanha uma página de esquerda, e de repente, não mais que de repente, surge um racismozinho disfarçado de pensamento crítico. Nessas situações que surgem os esquerdomachos.



O esquerdomacho parece um cara bem legal, tri esclarecido (claro, pra pessoas de esquerda, quem acredita na glória do capitalismo não se encaixa nessa situação). Ele lê um monte, provavelmente é meio entendido de arte. Ele se diz feminista! Ele sabe que o estupro não é culpa da vítima, ele até entende mina que não se depila, ele é a favor do parto humanizado. Ele não diz que mendigo é vagabundo. Mas não se enganem, essa consciência toda vai até um ponto específico. Quando começa a mexer demais nos privilégios dele, aí dá um pânico, aí ele se assusta, aí ele nos chama de feminazi!

Mas ainda tem um momento que o esquerdomacho expõe mais seu esquerdomachismo: quando ele quer defender a esquerda e falar mal da direita! Aí ele esquece todo o "feminismo" que ele defendia e ataca todo mundo. E hoje mesmo vi uma reportagenzinha do Pragmatismo Político, página que eu sigo e normalmente gosto muito. Para deslegitimar a manifestação do dia 15/03, eles fizeram um slut-shaming clássico:


Por que escolheram justamente ela para expôr o analfabetismo político? Podiam pegar outras mil pessoas da manifestação pra isso, mas pegaram a "musa da direita", a "peladona", a loira burra. Ao longo de toda a reportagem, eles relacionaram a exposição do corpo, a vontade de ser apresentadora de TV, as plásticas que ela já fez, com a (falta de) consciência política dela. Isso é slut-shaming, isso é um ataque de gênero e não de política. Isso dá abertura para falar mal de qualquer outra mulher que tira a roupa para protestar, como as gurias na marcha das vadias, por exemplo, que normalmente são apoiadas pelo Pragmatismo Político.

Não interessa nenhuma das besteiras que ela falou (e foram muitas, não posso negar). Essa não é uma reportagem sobre política, sobre manifestação, sobre governo. Essa é uma reportagem de esquerdomacho expondo uma mulher só por ser mulher, por usar seu corpo da forma que quis. Pode falar (quase) o que quiser sobre a manifestação, mas não transforme isso em uma agressão de gênero, ok, esquerdomacho?

Querido carinha de esquerda, tu não pode falar de mulher nenhuma, tu não pode passar por cima de questões de gênero para falar sobre tuas ideologias econômicas e de governo. Pessoal do Pragmatismo Político, ficou chato isso, melhor se retratar.




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