terça-feira, 28 de abril de 2015

just sex

Tenho uma amiga que, como eu, concluiu esses dias que o melhor a se fazer numa sexta à noite é abrir um vinho, ver filme e dormir com os gatos. Isso é realmente bom de se fazer, sempre que possível, aliás - recomendamos. Mas na conversa, a questão era a cadeia de sextas feiras que ela estava acumulando, com caras cheios de papo, encetando jogos (ai, os games) e cenas, contando sobre suas vidas xuuuuuper interessantes, seus cursos de inglês em algum país europeu,  falando dos seus ex relacionamentos com minas loucas, sobre como curtiam minas cheias de atitude, que chegavam e pá etc etc. O cara só fazia ser bleh na vida. E ela só queria transar. 


O problema é que, provavelmente, todos esses caras dos dates-cagados também estavam lá só pelo sexo, mas eles não conseguiam sair dessa de se colocarem no papel dos ômis que precisam conquistar as mina, serem desejados por elas, se sentirem fodões pra daí pimba, dar uns pegas lá em casa. 

Dates-cagados podem cagar algumas horas preciosas da tua sexta-feira, pelo simples fato de que os ômis aprenderam que as mina vão se apaixonar, elas vão ser histéricas, vão correr - falocêntricas - atrás desses ômis incríveis do mundo. Gente. Gentshiii. Não. 


Ok, eu sei que os seres humanos adoram uma ficção, uma historinha, uma diegese bááásica. Mas isso cansa, porque nem sempre é disso que se trata. Aliás, quase nunca é disso que se trata. Ou, talvez, trata-se de um novo arranjo ficcional, bem mais bacana, gostoso e sexy: transar, por prazer (que grande descoberta essa, me arrepiei até) e voilà, valeu flws, amigue. Eis o ponto: pra muitas relações casuais, parece haver apenas essa possibilidade de atuação, a da conversa fiada num date que já nasce cagado, porque é a única  interação conhecida (?) esperada (?) 

Caras se assustam com mulheres que têm suas vidas deboístas, que não estão a fim dos seus ricos assuntos numa sexta de noite, que vão transar se tiverem a fim ou os mandarem embora às 2h da manhã, porque isso está fora da previsibilidade de um certo jogo, bastante recorrente. Ah, o jogo! The Game of Sex se intensifica quando o inverno vem chegando.


Tenho um amigo que, minha nossa!, vai às últimas consequências. Ele realmente acha que as minas com quem ele fica (aliás, acho que todas as minhas amigas já ficaram com ele e todas as ex colegas de graduação) desejam sua atenção. E ele quer oferecer isso. Lá pelas tantas, em seus ensejos sexuais/dança do acasalamento ele arma um almoço na casa da mina. Um almoço. E o pior: se a mina não quer o tal almoço (oh, que meigo esse cara), se ela declara seu simples apelo sexual, pronto, acaba por aqui a história. Ele perde completamente o interesse por esse sexo que, afinal, já parecia nascer tão bem resolvido e desprovido de qualquer expectativa emocionada. 


Vamos dar adeus aos dates-cagados e fazer esse amor lindo, livre  gostoso, minha gente. Minas deboístas sigam seu deboísmo, que é disso que nossos corpos precisam. E, por favor, ômis, parem de achar que as minas querem saber de vossas vidas, almoços, games, assim, tão logo lhes conheçam. 

Mais Picasso na praia pra vocês.


Leiam o texto ótimo da Nathali sobre esse assunto, aqui oh!

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