sexta-feira, 6 de novembro de 2015

não é normal

Ah, é normal caras falarem cantadas na rua

É normal filmes Hollywoodianos serem sexistas

É normal taxista cometer assédio

Ah, mas é normal ouvir piadinhas de colegas de trabalho

É normal meninas jovens terem relacionamentos com homens mais velhos, sempre foi assim

É normal religiosos serem contra o aborto

Mas o que tu esperava do Cunha? É normal um cara como ele ser preconceituoso e machista!

Ah, mulher, não te estressa com isso, é normal



Ouvi essa semana a seguinte frase (de um professor maravilhoso) que destoa de todas essas aí: toda vez que alguém diz que algo é normal, se perde a possibilidade de educação, porque educar é ir contra o normal.

Claro, ouvi muito mais essas coisas horríveis do começo texto. Gente achando que eu me estresso demais, ou, pior ainda, achando que eu sou ingênua por criticar alguma coisa, afinal, o que eu esperava? É normal!

Dizer "é normal" acaba com qualquer possibilidade de questionamento, de desconstrução, de pensamento. Fecha tudo. Enche de categorias prontas e impossíveis de serem quebradas. Em vez de dizer "é normal", devemos nos abrir para as infinitas possibilidades da conversação, do ato de escutar o outro sem preenchê-lo previamente.

Não é normal, em 2015, estarmos lutando por direitos tão básicos da mulher. Não é normal religião e estado quererem controlar o corpo, em especial, feminino. Não é normal trabalhar com gente machista e ter que sorrir diante de violência. Não é normal uma menina de 12 anos ser assediada. Não é normal ter medo de pegar táxi sozinha. Não é normal ter que lutar para a população (rica e branca) não andar armada e pronta pra atirar no primeiro negro, ou primeira mulher (vadia, claro) que passar.

O maior perigo do nosso tempo é a normalização. Sai uma pesquisa que diz que a maioria dos homens acha que a mulher tem que ficar em casa lavando a louça. Isso só prova que a maioria dos homens é escroto, nojento, machista. Mas isso não é normal. O normal não é o que a maioria pensa. O normal é o fechamento das ideias. Dizer que algo é normal é uma violência.

O mesmo vale pro "sempre foi assim". "Sempre foi assim" jamais será um argumento válido. Sempre foi assim? Bah, que merda, vamos mudar então! É normal? Puxa, vamos "desnormalizar"! 


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