segunda-feira, 24 de agosto de 2015

não é sobre saúde

Não podemos negar que o movimento plus size tá lindo nos últimos tempos. Mais modelos, mais marcas de roupas, mais projetos fotográficos. Tudo para valorizar corpos de diferentes padrões (não é tudo tão lindo assim, como já discutimos aqui.) e tentar desmistificar o horror do corpo gordo. Ao mesmo tempo, é claro que os escrotos gordofóbicos aparecem mais também.

O maior problema pra mim não é nem quem quer falar das gordas e gordos os chamando de feios. O discursinho mais fajuto mesmo é o da saúde. Não há mimimi maior (tá, tem sim) do que o blá blá blá da saúde. Galerinha aí adora dizer que é saudável porque é magro e faz academia. Porque não come glúten, lactose, carboidrato, açúcar. Porque só compra legumes na feira orgânica. Existe uma busca por um "corpo saudável" extremamente relativo. Tem uma galera que busca "saúde", preparo físico e porcentagem de gordura de atleta, como se isso fosse o melhor PRA TODO MUNDO.

Não existe NENHUMA foto da Tess Holiday sem comentários mil sobre a preocupação com a saúde dela. Claro, tá todo mundo roendo as unhas de preocupação com o coração da Tess, com certeza. Esse papo de saúde é mais uma forma de controle dos corpos. Corpo que faz dieta restritiva e segue uma rotina exigente de exercícios é corpo disciplinado e comportado. A Tess é pura rebeldia e isso incomoda o corpo disciplinado.

Na semana passada eu descobri uma conta horrível no instagram: Project Harpoon. Felizmente, no mesmo dia em que eu descobri, ela foi desativada pela quantidade de denúncias. Bom, não adiantou, surgiu outra: Thinner Beauty Official. Alguém muito incomodado com a lindeza, o sucesso e o dinheiro das modelos plus size resolveu editar fotos no photoshop para torná-las mais magras e, assim, "provar" que elas ficam mais bonitas:


(a discussão do lado da foto tá ótima!)

A conta se diz "Pro-health and nothing else", ou seja, pró-saúde e nada mais. A gente sabe que não. Promover a magreza não é promover a saúde, mas sim o preconceito com pessoas gordas. Em especial mulheres, óbvio. Até tem uma foto perdida do Jack Black, mas é o único homem mesmo que aparece por lá.

Vamos rever alguns pontos pra quem ainda tem dúvida:
- magreza não é sinônimo de saúde
- gordos podem ser saudáveis
- ser saudável não é correr uma maratona e só comer frango grelhado

E o principal:
- por que tu te importa com a saúde dos gordinhos do mundo???

Será que esse discurso pró-saúde é realmente uma preocupação profunda, linda e altruísta com a saúde das pessoas? Por que ele é contra gordos? Podia ser contra magros que bebem! Podia ser contra fumantes! Podia ser contra carnívoros! Podia ser contra dietas restritivas que prejudicam o funcionamento do corpo! Podia ser contra tanta gente, mas é contra as modelos plus size lindas maravilhosas. 

Eu acompanho muitas blogueiras e modelos gordas. A maioria delas posta fotos fazendo exercícios e fala sobre a sua saúde o tempo todo, porque se sentem pressionadas a provarem que são saudáveis. E adianta? Claro que não! Na mesma hora surgem pessoas pra dizer que aquilo é fake ou pra julgar o tipo de exercício que a mulher escolheu fazer, dizendo que não seria o suficiente. Credo!

Então, gente chata que fica falando mal de gordo fingindo que tá preocupado com a saúde dele, vai arranjar outra coisa pra fazer! Vai dar uma caminhada na rua, em vez de dentro da academia e dos shoppings. Vai namorar. Vai ler um bom livro em vez de revista que te manda emagrecer e ter barriga negativa. A gente sabe que tu não tá perdendo o sono preocupado com a saúde da Tess, tu tá perdendo o sono por ter percebido que todo o teu sacrifício pra ser "bonito e saudável" não leva a nada e as modelos plus size esfregam isso na tua cara.


Quem quiser, por favor, denuncie esse conta de instagram.

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

objetificada ou empoderada?

Quem já teve essa discussão (com outra pessoa ou interna contigo mesma)?


Eu me pego pensando nisso muuuuitas vezes! E várias vezes fico em dúvida, não sei com certeza se uma foto de uma mina de lingerie é empoderamento e liberdade ou mais um apelo sexual do mundo heteronormativo. Isso é bastante confuso, mas vamos tentar entender fazendo um monte de pergunta:

Quem tirou a foto? Foi a mulher mesma? Foi um fotógrafo? Foi umA fotógrafA? Tem muita diferença aí. Não basta ter sido decisão da guria tirar fotos sensuais de lingerie, porque quem tem o poder ali pode ser a criatura segurando a câmera.

As poses, as roupas, os ângulos das fotos foram decididos pela mulher? E, além disso, o quanto eles são exatamente iguais a qualquer outro ensaio sensual de revista masculina por aí?

Pra quem essas fotos são destinadas? É pra ominho punheteiro? E isso não se responde perguntando pro fotógrafo, que com certeza vai dizer que tem a melhor das intenções, mas analisando as imagens mesmo. Olhando pra uma foto a gente sabe pra quem ela está sendo destinada, né?

Onde essas fotos serão divulgadas?

Agora a mais importante de todas as perguntas: essas fotos quebram algum padrão? Pode ser de beleza, de estilo de fotografia, de ângulo da foto, escolha de figurino, público-alvo... Pra não ser mais uma babaquice hetero-machista-normativa-ominho-punheteiro tem que quebrar padrão. TEM QUE.



Ok, com essas perguntinhas a gente consegue identificar bastante coisa. Pra ficar mais fácil de entender, vamos dar um exemplo de um projeto podre de machista que está se vendendo como empoderador de minas e fotografias de "mulher real": O Bendito Fruto.

Começando pelo nome que parece sugerir (entre outras coisas) a comparação ma-ra-vi-lho-sa entre mulheres e frutas (qual a diferença desse projeto e da Mulher-melancia e cia?), esse é um projeto inventado por um ominho!! Ora, vejam só, um homem que diz libertar as mulheres das amarras dos padrões e da objetificação com o poder da sua câmera!!


E esse ominho criador gênio do Bendito Fruto ainda ganha pra isso! Sim, ele cobra das gurias! 200 pila!


Quando um amigo me mostrou esse site, eu não tava acreditando que tinha algo a ver com empoderamento, feminismo, quebra de padrões e etc. Mas aí eu vi o vídeo do próprio fotógrafo falando sobre o seu projeto e tentando convencer com esse discurso mesmo:


Vergonha alheia, vontade de vomitar, vontade incontrolável de socar a cara desse cara. Desculpa, preciso extravasar meu ódio por ominho escroto (nem me venham dizer que eu não conheço ele, e ele é um querido e blá blá blá) que acha ter o poder de empoderar meninas, de dizer que elas são bonitas, gostosas, sensuais, de dizer que elas mandam no corpo delas quando ele está com a câmera e o dinheiro na mão. É demais pro meu sangue feminista isso!



Vamos rever as perguntas do início do texto:
quem tira a foto? Um ominho!!
quebra algum padrão? Não!!
pra quem são destinadas? Para ominhos-heteros-machistas-punheteiros!!

Gente, quando alguém diz que fez um projeto para quebrar padrões e mostrar beleza "real" e tu vai lá ver as fotos e só tem mina magra, jovem e branca, tá na cara que essa história de beleza da mulher comum é discursinho pra passar bem, pra enganar a galera desavisada.

Tem mina comendo fruta, com líquidos escorrendo pelo corpo, com lingerie de renda, chupando cereja, com poses de ensaios clássicos de revista masculina. Isso não é empoderamento, isso ainda é mulher sendo objeto sexual de fantasia masculina! E o pior é que as gurias provavelmente saem de lá se sentindo maravilhosas mesmo, afinal elas têm fotos lindas onde elas mostram o quanto elas se encaixam em padrões e são desejáveis para os homens. Toda mulher aprende desde novinha que é isso que a gente tem que ser e que ser desejada por homens é o nosso objetivo nessa vida.

Ainda tá na dúvida se o projeto Bendito Fruto é sexista? Cadê projeto de fotografia de ominho beleza natural se lambuzando no pêssego?



A crítica a esse "projeto" não tem nada a ver com moral, com puritanismo. As minas podem tirar a roupa quando quiserem mesmo, e tirar foto e postar por aí. Eu mesma tirei foto de várias gurias de peito de fora na Marcha das Vadias e elas posaram bem lindas. Mas a gente tem que saber a diferença entre pagar pra um homem tirar fotos nossas nos encaixando em padrões prontos e fotos de gurias gritando por direitos de peitos de fora da Marcha das Vadias (o que também pode ser problemático, mas vamos deixar pra outro texto).



O olhar fotográfico não pode ser o mesmo de sempre. Nessa altura da história da luta feminista no mundo, quem está autorizado a tirar foto sensual de meninas e carregar isso como um projeto de empoderamento é SÓ MULHER, ok? O olhar tem que ser feminista, tem que ser de mulheres para mulheres. Sempre afirmamos aqui no blog que os homens podem participar do feminismo, mas taí uma coisa que eles não podem fazer: continuar sendo o detentor da libertação feminina, aquele que decide, que olha, o espectador e o fotógrafo. Se for assim é só mais um projeto de objetificação do corpo feminino, apenas isso.

Por favor, vamos compartilhar isso e avisar as minas. Não é pra "salvar" ninguém, apenas alertar criticamente. Tem muita guria que já tirou foto com ele e mais várias que vão continuar contribuindo com o cara, que está fazendo uso de um discurso popular sobre beleza real e empoderamento feminino para continuar explorando o corpo de mulheres, e ainda para ganhar dinheiro. Se depois de perceber isso, a guria ainda quiser tirar fotos, vai lá, seja feliz, mas não defenda essa atitude como valorização do corpo "real", libertação de padrões e empoderamento. Chega de homem decidindo sobre o nosso corpo!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

você não precisa ser bonita

Uma das primeiras coisas que a gente pensa quando resolve querer "aceitar" nosso corpo é pensar que ele é bonito do jeito que é. As campanhas todas por aí que falam sobre o corpo plus size dizem "ame suas curvas". 


Pode ser que esse pensamento nos ajude bastante, nos mostre que a gente pode ser bonita de qualquer jeito, nos faça gostar mais da hora de se vestir, se maquiar, se arrumar para sair. Talvez faça a gente olhar diferente para as nossas fotos e até postar um selfie se achando realmente bonita. Tudo isso é bem legal.

No entanto, acho que rola um problema: tu realmente te convence quando alguém diz que tu "pode ser bonita de qualquer jeito"? Eu não me convenço! E também não quero mesmo ser convencida disso. Eu quero ter o direito de me achar feia várias vezes sem isso ser um problema. É claro que a gente não pode ser bonita de qualquer jeito. "Ame suas curvas" exige ter curvas específicas, não é qualquer dobrinha no corpo que é uma curva. Com campanhas sobre "real (odeio essa palavra) beleza", o que é belo mudou um pouco, mas não muito, as opções de como ser bonita aumentaram um pouco só, mas ainda não inclui todo mundo, não. Então, não é todo mundo que pode ser bonita de qualquer jeito.

Quando a gente está passando por um processo de aceitação, de empoderamento e conhecimento de si, um desses passos é sim se achar bonita com suas curvas ou retas. Mas o que acontece quando a gente passa a ter que se esforçar todos os dias para ser bonita daquela "jeito qualquer específico"? Bom, o que vai acontecer é que a gente não vai se achar bonita sempre. Aí quando a gente não se acha bonita, a gente se sente culpada, porque se tu não te acha bonita, cabô empoderamento! Quem sou eu para valorizar a diversidade da beleza e ser feminista se eu me olho no espelho e não gosto do que vejo?

A questão é: tu não precisa ser bonita, tu não precisa se achar bonita. Se achar feia (e ser feia de acordo com os padrões sociais) e andar por aí bem faceira é uma super liberdade!



Aí vem um outro problema: ela não é bonita por fora, mas é maravilhosa por dentro! Ui, me dá um arrepio na espinha quando alguém fala isso! Muita gente fala, achando que tá sendo super legal, quando vê um casal formado por um cara bonito/magro/padrão e uma mulher gorda/feia/despadronizada que o cara tá com ela pelo que ela é, não pela aparência dela. Credo!!

Acho que essa é a grande crença da sociedade ocidental: a dicotomia entre aparência e essência! Gente, vamos superar o mito da caverna platônico! Não existe separação entre essência e aparência. Não existe pessoa bonita por dentro e feia por fora. A tua roupa, o teu corpo, o teu jeito de andar, falar, o tom da tua voz, a tua risada, as tuas opiniões, tudo isso é tua aparência e tua essência grudadinhas!

Ou seja, não ser bonita não significa que a gente tem que então compensar sendo inteligente, engraçada, bem sucedida. Quando a gente pensa isso é porque ainda tá vendo o mundo em torno do ser ou não ser bonita. Sou bonita, ah então tá ótimo! Sou feia, putz, então tenho que ler 10 livros por dia e ser muito inteligente! Não tem que nada, ninguém é obrigada.

Marcas de produto de beleza vão continuar falando sobre a busco pelo belo, afinal é isso que elas vendem. Falamos sobre isso num texto sobre a Dove. Não te engana com uma marca que fala em "real beleza". Essa é só mais um padronização. Tu dificilmente vai te encaixar aí, quase ninguém se encaixa.

olha quanta diversidade!!

Que bela ajuda essa que eu to dando aqui, hein, acabei com toda a (falsa) autoestima criada cuidadosamente pela Dove e pelas marcas de roupa plus size. É, tu realmente não pode ser bonita de qualquer jeito, infelizmente. Olhar para o teu corpo e querer ver nele beleza sempre não vai dar certo. Ver aquela foto horrorosa que tiraram de ti naquela dia que tu tava de ressaca e tentar achar beleza "real" ali não vai rolar. Sabe o que rola? Te libertar da beleza! Ninguém é obrigada a ser bonita, ninguém é obrigada a ver beleza em si mesma, ninguém é obrigada a se ajustar a padrões para fingir que é bonita de "qualquer jeito".

Te libertar da beleza não significa não cuidar de ti, mas te valorizar para além do "ame suas curvas", perceber o quanto a tua aparência e tua essência andam juntas e se manifestam em ti o tempo todo. Te liberta da beleza e te enche de ti mesma.


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

literatura feminina: abandonar ou ressignificar?

Recentemente, uma amiga me perguntou o que eu acho do uso da expressão "literatura feminina". A minha resposta imediata foi: acho um absurdo! Afinal, o que significa literatura feminina? Que todas as mulheres escrevem do mesmo jeito? Que é uma literatura inferior? Pensando assim, claro que eu não concordo com isso! Aí a gente conversou um pouco e vimos que não é tãããoo simples assim.

Esse ano eu decidi ler mais mulheres. Isso realmente teve que ser uma decisão consciente e tive que fazer um esforço pra procurar mais livros de mulheres, conhecer mais escritoras e me dedicar mesmo a esse estudo. A maioria das pessoas (estou me referindo àquelas que leem mesmo) não lê muitas mulheres e nem conhece escritoras. Tem toda uma história aí que a gente pode resgatar e ver que as mulheres começaram a escrever (no sentido de publicar, porque elas já podiam escrever escondidas pra elas mesmas) bem depois que os homens e começaram a ter alguma relevância literária faz pouco tempo. Então, quando a gente vai procurar por escritoras, a gente só encontra a partir de uma certa época da história literária.

Outra coisa acontece também: literatura feminina é muitas vezes vista como literatura confessional, diário. Afinal, mulher vai escrever sobre o quê? Só pode escrever as amarguras da própria vida mesmo, tão sem criatividade essa cabecinha feminina. Algumas meses atrás, eu fui num sarau literário com a Clara Averbuck e ela disse que sempre perguntam pra ela sobre os personagens dos seus livros como se cada história que ela escreve fosse necessariamente sobre a sua vida. Cada livro dela é uma parte do seu diário da adolescência, sem criação. A Clara estava com um livro do John Fante nas mãos e seguiu dizendo: "por que não perguntam pro Fante se ele fez tudo isso que tá escrito aqui? O livro dele também parece ter esse caráter de relato confessional, mas como ele é homem o que ele escreve é literatura e não diário." A Clara tem toda razão.

Mulher não escreve ficção científica




















Mulher só escreve coisas meigas

 

Só dona de casa rica com tempo livre que escreve




















Mulher não escreve best seller












As mulheres não escrevem todas do mesmo jeito, sobre o mesmo assunto. Mulher escreve de múltiplas formas, assim como homem, pelamordadeusa! Então, por que ainda usar "literatura feminina" como se fosse um gênero literário único?

Como eu disse no começo, eu e essa minha amiga conversamos um pouquinho sobre o assunto e ela me disse: "usar essa expressão também tem a ver com a conquista do nosso espaço". Pois é, aí eu pensei: "será que se a gente não falasse em literatura feminina, os livros feitos por mulheres não iam aparecer menos ainda??". Pode ser que começou a se dizer literatura feminina para caracterizar o que mulheres escrevem como inferior, mas agora a gente pode ressignificar isso! 

Talvez dê pra gente fazer uma relação com a implementação de cotas nas universidades: as cotas não existem porque negros têm menos capacidade de estudar e passar no vestibular, mas por terem menos oportunidade de acesso a uma educação de qualidade (resumindo bastante a história toda). De repente, "literatura feminina" seja um tipo de cota que mulheres ainda precisam por terem menos oportunidade de publicar, de serem lidas, de se perceberem como escritoras.

Por isso não é tãããooo simples parar de usar a expressão "literatura feminina" e jogar os livros escritos por mulheres no meio dos livros "masculinos". Afinal, homens e mulheres não têm ainda os mesmos direitos, o mesmo valor, as mesmas oportunidades. Essa aparente segregação pode ainda ser importante para destacar os livros escritos por mulheres. O que a gente tem que fazer é desmistificar a tal literatura feminina, ler mais mulheres, não usar essa expressão como sinônimo de um tipo único de escrita, mas como uma forma de lembrar quanta escritora maravilhosa que tem por aí!

Até agora eu li os seguintes livros de mulheres esse ano, amei e indico todos:
Hibisco Roxo, Chimamanda Ngozi Adichie
Não sou uma dessas, Lena Dunham
Eu quero ser eu, Clara Averbuck
Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus
A paixão segundo G. H., Clarice Lispector
Um teto todo seu, Virginia Woolf
O Segundo Sexo, Simone de Beauvoir