segunda-feira, 24 de novembro de 2014

a liberdade é colorida

A Parada Livre é o único dia do ano que legitima a presença de tanta diversidade nas ruas (algumas) da cidade.

A Redenção ontem era das Drag Queens cheias de brilho; das Travestis negras, pobres, com maquiagem barata e muito sorriso e rebolado; dos muitos casais de Lésbicas podendo demonstrar todo seu carinho em lindos abraços e beijos; da bandeira arco-íris; do amor livre; dos mais diferentes corpos expostos sem pudor, sem vergonha, sem medo, sem opressão.

Que colorido e bonito que seria o mundo se essas pessoas pudessem ser elas mesmas todos os dias e em qualquer lugar.


































quinta-feira, 20 de novembro de 2014

a calça ideal

Saí pra comprar uma calça mais esportiva pra começar a praticar Yoga. E APENAS isso define o início do drama de uma mulher em novembro. Porque novembro é a metade do projeto verão que inunda mentes, corpos, anúncios do youtube, spam da Dieta Dukan e até folhetinhos no centro de Porto Alegre com promoção em academia. A gente já falou sobre projeto verão por aqui. 

Obviamente praticar Yoga não faz parte de um projeto verão pra mim. Conto.

Duas mulheres conversavam sobre fazer exercícios físicos. Uma delas diz que pensa em entrar numa academia. A outra lhe pergunta o porquê. A primeira não sabe o motivo. Por que é assim que é? Por que lá é o lugar de fazer exercícios? Por que todas as mulheres vão? Por que é o que se pode? Por que tem por 49,90? A segunda mulher diz que sempre gostou muito de suas pernas. Nunca se importou com os braços ou com abdome. Também não achou que seu trapézio precisasse ser definido. Jamais cogitou levantar pesos pelo glúteo. Ela sempre gostou de ter força nas pernas. Agilidade.  Por isso ela corre – no parque, em frente a sua casa. Sempre que pode ela corre. Três vezes por semana corre.


O diálogo dessas duas mulheres me ensinou que exercício físico é como qualquer aspecto, desejo, faceta, atividade da minha vida: tem que ter a ver com as outras escolhas que faço, com quem sou, do que gosto em mim e do estilo de vida que tenho. Yoga veio como mais uma das mil coisas que tem a ver comigo. Tem a coisa boa da roupa folgada, da flexibilidade, do pé descalço. E tem a ver com o que não gosto também: não uso tênis, nem roupa colada; não curto televisão ligada, no mudo, com música pop alta, enquanto sinto cheiro de suor e ferro e lido com o sentimento (forjado) de inferioridade por levantar apenas 2kg no braço.

E o plano aqui não é usar 34 ou pagar 300 reais em uma calça

Yoga calhou de ser em novembro, e trouxe o drama de comprar uma roupa esportiva que combinasse mais com o tipo de jeito que gosto de me sentir fazendo alguma atividade física. Peregrinei por várias lojas em busca de um abrigo, uma calça de moletom, daquelas cinzas que ficam com o joelho marcado com o tempo. Adivinha? Não existe essa calça.  Renner, Centauro, Riachuelo, Marisa, as lojas “do povo” não têm absolutamente nada pra mulher que não quer usar legging, bermuda curtinha ou mais justa. Tem legging de montaria, étnica, bermudinha de tactel curta, mas calça folgada não tem.

No site da Centauro tem até as dicas de certo e errado, para mulheres baixas usarem a legging que eles vendem. Já para mulheres altas não há dicas. Segundo a página, as altas podem usar o que quiserem. Ai, Deus do chorume! 

Fazer exercícios tem a ver com apenas uma forma de vestir pra maior parte das repartições esportivas dessas lojas, que comandam as roupas que mulheres como eu usam. Obviamente não estou afirmando que academias, roupas coladas e certos tipos de exercícios são ruins. Mas eles não são bons pra mim. E, certamente, o ambiente tóxico da maioria das academias é ruim pra milhares de mulheres como eu. Talvez, milhares de mulheres como eu (ou como as mulheres da conversa lá em cima) prefiram correr num parque; pedalar na rua; jogar rugby. Ou preferem não fazer exercícios e simplesmente adquirir o conforto de uma calça de abrigo.


Uma mulher precisa se sentir livre pra escolher o que gosta. Pra aprender o que gosta. E isso leva muito tempo. Então, até quando o conceito hegemônico de beleza/ vida saudável vai definir, inclusive, a roupa que devo usar pra me exercitar?

Pensar nessa relação estética com o corpo é, de certa forma, pensar nos modos como desejo torná-lo, para mim, um espaço político. É uma construção árdua e bonita. É uma construção política e de amor a um “si” mulher. Então, como a gente não vai se entregar para o que é mais fácil, a gente segue procurando a calça de moletom ideal. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

o feminismo é pop, sim!

Hoje mesmo publicamos na nossa página no Facebook um texto sobre o feminismo ser pop. Na verdade, não o feminismo, mas algumas feministas. Não, pera, algumas artistas famosas estarem se dizendo feministas nos últimos tempos. Mas já é alguma coisa. Bom, foi com essa notícia bonita e interessante (que ainda pede um texto inteiro no blog sobre) que comecei meu dia.

Rapidamente tudo mudou quando cometi um ato beirando o suicídio e entrei numa página machista horrível com as piores “piadas” com feminista e, na verdade, qualquer tipo de mulher. O sangue ferveu e me enchi de vontade de escrever nessa página. Aí parei pra ver quantas curtidas que tinha em cada post: em torno de 2.000!!! E os comentários conseguiam ser piores que os posts. Desisti de escrever sabendo que eu só seria chamada de gorda feia mal comida odiadora de homens...


Me desesperei, pensei que o mundo estava perdido. O que estou fazendo aqui publicando esses textos quando existem mil machistas loucos no mundo que nunca vão mudar?? Aí lembrei de um conselho que a Polly do Lugar de Mulher sempre fala: busque as referências certas! Pensei então que muitas de nós passamos por esses momentos de pânico diante de horrores machistas e esquecemos que precisamos continuar procurando os textos certos, as amigas certas, as “piadas” que não nos objetificam. 

Tá te achando gorda e pensando que o mundo todo é magro e lindo? Procura as imagens certas, as blogueiras pluz size, as lojas que percebem que existem (e muito) tamanhos maiores no mundo. E, mais que isso, dá uma olhada na rua e vê quanta gente é realmente magra. Pelo menos nos ônibus que eu pego não tem nenhuma modelo tamanho PPP. Clica aqui pra ver esse vídeo lindo que a Polly (sim, amo ela) ainda teve o trabalho de traduzir pra nós.


Acha que é magra demais e cheia de osso e homem gosta de ter onde pegar? Primeiro: homem nenhum manda no teu corpo. Segundo: amada, esses ossos podem ser pura elegância! Te joga nessa magreza!


Cansou de depilação, mas acha que é obrigada? Olha quanta gente te mostrando que tu pode:




Cansada de ouvir músicas que tratam o corpo feminino como prêmio, ou prisioneiro de padrões que tu nunca vai (nem precisa) alcançar? Pelo que eu sei uma das músicas que mais está fazendo sucesso e até as minhas aluninhas de 11 anos sabem a letra é sobre isso:

(essa letra tem umas coisinhas que não são muito legais, mas por enquanto fiquemos com o que é bonitinho)

O mundo todo tá parecendo machista demais? Até o Buzzfeed percebeu que precisa falar sobre isso:


Parece que o feminismo não ganha nenhuma batalha? Acabamos de impedir a entrada do Julien Blanc no Brasil!


No fim das contas, a gente constrói o nosso mundinho mesmo. Eu escolho viver num mundo com boas notícias sobre feminismo. Regado a notícias ruins pra manter o sangue fervendo e a vontade de lutar sempre alta. O problema é que quando as coisas ruins são maiores, até a vontade de ir contra acaba, a gente desanima quando acha que só perde, quando vê uma merda tão grande que limpar tudo parece fugir do nosso controle. Vamos tentar manter esse equilíbrio. Principalmente porque vamos precisar mostrar todos os dias para algum machista que não somos loucas, não somos as únicas feministas do mundo, que feminismo não é coisa de mulher mal comida (aliás, dá uma lida aqui pra ver como essa história do “mal comida” tá muuuuito errada).

Sobre o questionário do Buzzfeed:


Fiz questão de copiar o resultado de uma das perguntas que dizia o seguinte: “Você concorda com os termos “feminismo” e “feminista” ou você acha que o movimento de igualdade de gênero precisa ter um nome diferente?” O resultado ficou apertado, mas a maioria disse achar que o nome feminismo precisa mudar.

Gente, chega de medo do nome feminismo ou feminista. O nome é esse porque é um movimento de mulheres em prol dos direitos das mulheres. Só isso. Usar uma palavra com o radical “fem” não significa ser contra os homens e querer que eles queimem numa fogueira construída com seus pintos. Essa é uma das poucas palavras que não privilegia uma terminação ou um radical masculino na língua. Ozomi não precisam ter tanto medo, pois continuam sendo majoritários linguisticamente. 

O que precisa mudar não é o nome, mas a ideia que fazemos desse conceito.

E com isso termino o texto dançando na cara do patriarcado e daqueles caras escrotos da página que entrei hoje (e de muitas outras...)


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

o estupro permitido

Existem muitos Julien Blanc. Ontem mesmo meu irmão me contou o relato de um amigo sobre o seu final de semana: “fui numa festa, paguei um monte de bebida pra umas mina tri gostosa, claro que elas tinham que dar pra mim, né, meu?”. Esses dias ouvi de alunos: “comecei a respeitar o Neymar quando descobri que ele mete na Bruna Marquezine”. 

A mulher não é aqui apenas um objeto, ela pode ser muitas coisas diferentes, dependendo do que o homem precisa ou quer que ela seja naquele momento. Pode ser um objeto inanimado, pode ser uma prostituta barata que se vende por drinques, pode ser uma boneca inflável para poder meter, pode ser quase uma sobremesa de tão gostosa.

Para quem ainda não sabe quem é o Julien Blanc, dá pra visitar este site aqui e conhecer as suas técnicas de como pegar mulher. Ele viaja pelo mundo dando palestras, aulas, consultorias para homens desesperados que querem aumentar o seu número de trepadas rápidas por noite. Querem aumentar a lista no seu caderninho estilo Barney Stinson, ou talvez queiram deixar de ser o nerd virgem que sofre bullying. Parece que o personagem interpretado por Tom Cruise em “Magnólia” realmente existe:


Quer saber o que Julien Blanc ensina? Estuprar mulheres! É isso que ele ensina, as suas “técnicas” são extremamente violentas e usam de força para “convencer” as mulheres. Este site aqui tem um resumo e ainda um vídeo que demonstra o gênio macho em ação.

Se tu acessou esses sites e viu o vídeo dele pode estar pensando que esse cara é louco, que é um caso isolado e exagerado, mas infelizmente não é verdade. Os dois pequenos relatos que iniciaram este texto mostram isso. Quantos homens acham que a mulher tem que fazer o que ele quiser depois de algumas bebidas pagas? Quantos homens ignoram um “não” e insistem em “convencer” a mulher? Quantos homens já chegaram em ti em uma festa passando a mão, te fechando num canto, quase te sufocando? Não é novidade e nem exagero dizer que os homens usam de força e manipulação para conseguir o que desejam do corpo da mulher. Esse corpo que ainda é julgado por não ser exatamente como eles queriam, como o querido amigo do meu irmão do início do texto que reclamou que a guria que ele pegou não tinha muito peito.


A existência de um cara como esse é uma violência contra a mulher. Ele já foi deportado da Austrália e do Japão e agora está vindo para o Brasil. Ao mesmo tempo em que existem muitas pessoas se movimentando para que isso não aconteça, tenho certeza de que muitos homens estão reservando R$ 2.000,00 (sim, é isso que ele cobra) para assistir ao workshop do Julien Blanc.

Para tentar evitar a entrada de um estuprador declarado, assine a petição aqui!

Proibir a entrada desse verme podre no país é muito importante, mas toda a ideia de violência contra a mulher que ele representa vai continuar existindo, exibida livremente em outdoors por aí:



É o machismo de todo dia que deve ser combatido. É o cara que chega te agarrando na festa que deve ser proibido de agir assim (confesso que eu queria dizer “que deve apanhar”). É o mimimi dozomi hetero branco que deve ser contrariado o tempo todo. Existem muitos Julien Blanc. Gurias lindas leitoras deste blog, não deixem “pequenas” violências passarem, sempre vale a pena falar.

- passar a mão na balada? NÃO PODE!

- “cantada” na rua? NÃO PODE!

- não aceitar não como resposta? NÃO PODE!

- brincar com a autoestima da mulher para manipulá-la? NÃO PODE!

- exigir peito grande, bunda e cinturinha? NÃO PODE!

- exigir sexo em troca de bebida ou presentes? NÃO PODE!

- exigir sexo sobre qualquer circunstância? NÃO PODE!

A mulher é dona do seu corpo, a mulher decide a sua vida. Homem nenhum manda na mulher, seja ele pai, marido, namorado, amigo, ou um cara que tu conheceu há dois minutos numa festa. O homem não é mais forte, o homem não tem absolutamente nenhum direito de exigir nada de nenhuma mulher. O homem NÃO PODE.

sábado, 8 de novembro de 2014

pra cavalo velho, capim novo

"Faltava uma mulher bonita do meu lado mais novinha do que eu pra eu ficar completo. Para cavalo velho, capim novo." Sábio Zezé Di Camargo (ainda não acredito que consegui terminar de reproduzir a frase)


Essa pérola veio de uma pessoa da qual a gente certamente não espera muita coisa. Nem por isso deixaremos de escrever, afinal, assim como o Zezé Di Camargo, outros escrotos por aí tem maior visibilidade pra falar absurdos e cometer crimes contra as mulheres (crimes acobertados pelos maiores números de visualizações e likes). Por isso mesmo, a cada absurdo dito, um texto precisa ser escrito por uma mulher. 

Escroto nº 1 de maior visibilidade:
Confesso que tenho pouca paciência pras feministas. Vejo-as como coletivistas que no fundo odeiam mais os homens do que qualquer coisa. Fruto muitas vezes da inveja das 'mocreias', o movimento feminista pretende lutar contra a liberdade individual, incluindo a das mulheres e não pelas mulheres. Rodrigo Constantino, a gente te confessa que tu é bastante ignorante, não sabe nada do que diz. Como o Zezé, tu também é um escroto. Um copo de chorume em teu nome! (Ainda vem um texto só pra isso)

 

De volta ao cavalo velho, motivo desse texto: a frase do Zezé consegue acabar com quase todas as mulheres do planeta, inclusive com a mulher bonita e mais novinha que ele trata como o capim. O capim que o alimenta.  Pra ele, quando o homem fica velho, sendo um cavalo, precisa dar aquele plus na comida (a mulher, o capim que ele come), afinal, a mulher-capim-velho já não serve mais para satisfazer sua fome.

A frase do Zezé contém toda a essência do machismo. In-crí-vel! A mulher serve para um homem. E serve assim como um vegetal - ela não tem uma existência humana. A mulher que serve apenas serve, no nível mais objeto-coisa que podemos supor. Além disso, após um casamento de 30 anos com a antiga esposa, o capim-velho, o Filho de Francisco parece não ter aprendido nada. Fico aqui pensando, o que faz com que um homem, 30 anos com a mesma mulher, consiga pronunciar tamanha violência?

Socialmente, as mulheres ainda são fabricadas pela sua desumanização. Em 2014 existem homens que tratam mulheres como objetos. Em 2014 existem mulheres que se tratam e deixam tratar como objetos.

Procurando sobre o caso no google, a desumanização está por toda parte. A Caras publica fotos comparando as duas mulheres. Incita competição. Propõe, discursivamente, que se fale sobre aparência. Nos comentários, mulheres escrevem sobre qual delas é mais bonita. Aparecem as palavras "falsa", "piranha", "interesseira" e elogios às duas.



É importante pensarmos no que uma frase tão absurda pode produzir. Mas mais importante ainda é pensar sobre as frases que não nos parecem tão absurdas assim, aquelas que a gente quase não percebe. Por exemplo, essas aí de cima "as duas são lindas". Essa frase só reafirma machismos, de variadas maneiras. Como se falar da aparência (bonita, linda, diva, maravilhosa) não fosse, por si, uma forma de a) se autorizar a falar sobre a aparência de outras mulheres e b) dizer que existem as feias ou "mocreias", como afirma o Rodrigo Constantino, lá em cima. Assim como quando ouvi de um professor de história esse ano (sim, o mundo está completamente perdido, não se engane) a expressão "ela não é carro batido", ou seja, ela é uma mulher nova, com poucos quilômetros rodados, nenhum arranhão; não está suja, quebrada. É virgem. É limpa. É boa. Isso passa por elogio, muitos vezes. Mas se pensarmos só um pouquinho, vemos o poço sem fundo de machismos implicados.

Assim como quando liguei o rádio da Ipanema (94.9) ao meio dia de ontem e escutei o pior programa de rádio de todos os tempos, em que os "comunicadores" falavam sobre homens que têm um "baita currículo", porque "pegaram" só mulherão. Diziam eles que Aécio Neves era um desses "pintas". Aliás, não é tão difícil ver esse tipo de pauta naturalizada por aí. Tem até uma página com a lista das 10 mulheres do Aécio:

Link: http://www.poulwoosh.com/2014/03/as-10-mulheres-invejaveis-do-candidato.html 

A frase do Zezé só não é mais impressionante porque há muitos Zezés entre nós. "Panela velha é que faz comida boa" e a reafirmação da potência masculina precisa ser feita com capim novo, afinal, será apenas a mulher mais jovem que poderá afirmar um Zezé socialmente. Esse kit que compõe o sub-homem às vezes vem junto com:

O ~carrão~


A certeza do ~pênis~

Talvez um ~terno~

E claro, uma menina bem novinha, que é pra garantir um "bom currículo". O importante disso tudo que aqui queremos pôr à vista é o quanto o machismo é nocivo para todos. Para homens e mulheres. Para as mulheres de 35, 60, 18 ou 45. Ele prejudica a Zilu e a Graciele. Ele faz mal às leitoras da Caras que escrevem que ambas são bonitas.  Ele altera a capacidade de pensar das mulheres. Ele elimina direitos. Ele legitima deveres. Ele dá vasão aos textos do Rodrigo Constantino, homofóbicos, ignorantes, criminosos. O machismo é ruim pra todo mundo. Mesmo que a gente dê risada do Barney Stinson (How I Met Your Mother), não é um mundo feito de Barney's e de desumanização feminina o que queremos.

Angélica Freitas e sua agudeza poética é do que precisamos pra encerrar esse post:


uma mulher insanamente bonita
um dia vai ganhar um automóvel
com certeza vai
ganhar um automóvel

e muitas flores
quantas forem necessárias
mais que as feias, as doentes
e as secretárias juntas

já uma mulher estranhamente bonita
pode ganhar flores
e também pode ganhar um automóvel

mas um dia vai
com certeza vai
precisar vendê-lo

Angélica Freitas
In: O útero é do tamanho de um punho