segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

o machismo feminino

Anitta e Pitty falaram sobre machismo no programa Altas Horas com uma plateia somente masculina. Claro que deu o que falar. Se quiser assistir ao vídeo da discussão clica aqui.

Anitta claramente é alguém que nunca pensou profundamente sobre machismo, pois começou dizendo que as mulheres já conquistaram os mesmos direitos dos homens, que as mulheres “chegaram lá”. Para depois largar a frase mais odiada por todas as feministas do mundo: “mulher tem que se dar o respeito”. TAN DAN DAN!



Anitta insistiu muito no seu argumento, dizendo que ela vê na noite mulheres ficando com caras só porque eles pagam bebidas, mulheres pegando 50 caras diferentes e isso se classifica como uma atitude de mulher que não se dá o respeito. Ela segue dizendo que assim os homens não vão respeitar mesmo as mulheres, que respeito se conquista através de atitudes respeitadoras (e ainda tem que repetir a palavra respeito mil vezes para ser entendida!).



Pitty (rainha!) fala pouco, mas mostra rapidamente como Anitta está errada. Ela diz uma frase simples e linda: “os homens não têm que achar nada”. Pronto, assunto encerrado. As mulheres não devem medir as suas atitudes de acordo com o que os homens vão pensar. O respeito que as mulheres querem não deve vir a partir das roupas que elas vestem e do número de caras que elas ficam em uma noite. Até porque, mesmo se as mulheres resolvessem se “comportar”, não ia adiantar nada. A mulher que não usa roupa curta, que é casada, dona de casa, não reclama, cuida do marido e dos filhos, ainda assim sofre machismo, ainda é vista como menos, e não importa que ela se dê respeito, ela não recebe esse respeito de volta. Não podemos inverter a situação e dizer que a mulher não é respeitada pelas atitudes que ela toma, porque não importa o jeito que uma mulher age, ela vai ser sempre uma mulher, sempre o sexo frágil, sempre a incompetente que tem tpm e enlouquece, a que pode engravidar a qualquer momento e atrapalhar o funcionamento de uma empresa. Mulheres “comportadas”, não se enganem, vocês também não são respeitadas!

A Pitty já é conhecida por suas declarações feministas super consistentes, mas a Anitta tem muito chão pra percorrer ainda antes de sair falando besteira sobre machismo. No entanto, outra coisa que me incomodou muito foram os comentários de supostas feministas sobre a Anitta. O pessoal praticou o conhecido slut-shaming, ou seja, quem é a Anitta pra falar, aquela vagabunda que canta aquela música ridícula, é uma burra, vai tomar no teu cu, desgraçada. Lindo, né? Carregar todo um discurso feminista de libertação das mulheres e chamar uma mulher de vagabunda. Essas tais ditas feministas foram exatamente iguais à Anitta. Não adianta nada lutar pelo feminismo e não perder a oportunidade de acabar com outra mulher. Sororidade, bonitas, é isso que falta para o feminismo ser mais forte. 

A Anitta falou merda? Sim, falou. Mas no momento que a chamamos de vagabunda ou qualquer outra coisa, nós falamos merda junto com ela. No feminismo, mulheres não podem ser inimigas assim tão rápido. É a união entre as mulheres que faz a gente andar. Não podemos mais separar o mundo feminino em poderosas e invejosas.



Eu assumi uma posição que muitos podem achar radical: antes de saber qualquer informação sobre qualquer situação, eu defendo sempre as mulheres envolvidas. Eu estou sempre do lado feminino. Isso não significa que eu sou contra os homens, como o Latuff representou em sua equivocada charge.



Até o cartunista entendeu que quem sabe do feminismo somos nós mulheres e lindamente se retratou do erro.



A Anitta é desinformada e nunca pensou direito sobre machismo? Vamos ajuda-la a compreender! De nada adianta chama-la de vagabunda. Aliás, não chama mais ninguém dessa palavrinha, ok? Ela é nojenta, ela significa tanta coisa ruim. Essa é uma palavra machista e no meu vocabulário ela não entra mais. 

O mundo das mulheres não gira em torno do mundo dos homens. Até porque isso seria um preconceito duplo: machismo e lesbofobia. As mulheres não devem se dar o respeito, as mulheres devem se dar as mãos. 

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