terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

as falácias da mulher-musa

Muitos homens se enganam (e enganam os outros) sobre o seu próprio machismo quando se dizem “adoradores das mulheres”, as mulheres são musas, são deusas, devem ser veneradas, são lindas, merecem um pedestal. O pior é que isso é aceito por muita gente, em especial por mulheres.

O prestígio de que goza aos olhos dos homens, é deles que o recebe; eles se ajoelham diante do Outro, adoram a Deusa-Mãe. Mas, por poderosa que seja, é através de noções criadas pela consciência masculina que ela é apreendida. Todos os ídolos inventados pelo homem, por terrificantes que os tenha forjado, acham-se, em verdade, sob a dependência dele e eis por que lhe será possível destruí-los. 

Pronto, Simone de Beauvoir respondeu tudo, eu nem precisaria continuar escrevendo. Mas, infelizmente, as pérolas sobre isso são muitas e ditas por alguns caras teoricamente bem legais.



Na aula de yoga, ela estará se alongando perfeitamente, cantando o mantra, respirando como um monge e também conferindo o estado de suas unhas, qual brecha marcará a manicure, o que almoçará, o que falta entregar do trabalho. Homem preocupado não dá conta nem de sua cãibra.

Olha que bonito, o Fabrício Carpinejar (que já foi tema de um texto inteiro aqui no blog) está elogiando a super capacidade cerebral das mulheres, que conseguem dar conta de tanta coisa. Já o homem é um tonto que não presta atenção em nada. RÁ! Primeira falácia: dizer que as mulheres prestam atenção em tudo não é elogiar, é dizer que as mulheres são todas neuróticas, que não deixam o cara em paz, que não param de pensar e criticar o tempo todo. Além disso, essa ideia impõe a todas as mulheres a exigência de ter essa capacidade louca de não relaxar nunca e ser aquela pentelha que tá fazendo academia e reparando nas pontas duplas do cabelo da colega. E tem muita mulher que se orgulha disso, que tenta se empoderar dizendo que por ela nada passa, que ela em tudo repara. Mulher, isso não é legal, livre-se dessa pressão.



As mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos.

Oscar Wilde também tinha o que dizer nesse aspecto. Falácia nº 2: as mulheres são difíceis de se compreender. Outra besteira que parece bonitinha de dizer, as mulheres são seres complicados, complexos, cheios de mistérios, isso teoricamente traz charme e sedução, por isso apenas as ame. Bullshit! Não tem nada de legal aqui também. Ser difícil e complicada, mais uma vez, quer dizer ser louca. E mais uma vez também está cheio de mulher por aí que se vangloria do quanto são complicadas. Isso só enfatiza o que alguns homens adoram dizer sobre as mulheres serem mais irracionais, mais emotivas, mais sensíveis. Esse estereótipo só aprisiona e faz com que todas as mulheres tenham que ser iguais e meio loucas.

Para mim só há duas espécies de mulheres: as deusas e os capachos.

Amo o Picasso e tudo que ele já produziu de arte, mas a lógica dele falhou aqui nessa frase. As mulheres deusas também são capachos. Terceira falácia.



No amor, as mulheres são profissionais; os homens, amadores.

Oh, como as mulheres sabem amar, diz François Truffaut. Lindo, né? Não, quarta falácia: as mulheres (todas elas) entendem de amor, por isso sofrem nas mãos dos homens que, coitadinhos, nem sabem o que fazem. BÉÉÉ! Tudo errado novamente! Dizer que mulher sabe tudo de amor e homem não, na verdade, é uma forma de desculpar os homens. Tem tanto preconceito disfarçado de elogio aí que até uma homofobiazinha rola. Mulher não entende de amor mais que os homens, cada pessoa tem a sua experiência com relacionamentos e mulher nenhuma pediu pra ser rotulada como sensível e profissional no amor. Vlw, flw.



As mulheres constituem a metade mais bela do mundo.

Famosa frase de Rousseau que soa como o maior elogio, afinal ele só está dizendo que as mulheres são a coisa mais bela do mundo, o que tem de errado nisso? BÉÉÉÉ!!! Falácia nº 5: as mulheres só servem para serem lindas e apreciadas pelos homens. E aqui ainda entraria toda uma discussão sobre padrão de beleza e sobre quem realmente seria bela, porque é bem difícil isso se aplicar a todas as mulheres mesmo, né, Rousseau? Mulher não quer ser mais bela que o homem ou que qualquer outra coisa, não nos coloquem nessa disputa, por favor.

Toda vez que um homem diz que ama as mulheres, que admira as mulheres, ele está dizendo que as mulheres devem ser todas iguais, todas belas (de uma beleza bem específica e opressora), todas bem paradinhas como uma estátua de uma deusa grega, todas emotivas e irracionais, todas ao seu serviço, prontas para serem apenas admiradas ou destruídas a qualquer momento. Nenhuma mulher deve ser musa de ninguém a não ser da própria vida. Então, homenzinhos que acham que sabem tudo sobre o mundo feminino porque “amam” as mulheres: esse mundo feminino foi construído por ti e ele não existe, estamos muito bem sem a tua autorização para sermos belas.



Imagens maravilhosas das Guerrilla Girls.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

os machista chora

Este vai ser um texto rápido só pra dar mais uma sambadinha na cara duzômi que acham que ainda podem reclamar do feminismo e se achar vítimas da ditadura feminazi: Cabô pra vocês, amores! Patricia Arquette falou sobre feminismo em pleno Oscar e foi aplaudida de pé pela Meryl Streep. Deu, vai chorar num cantinho.


Sim, It's our time!

Já seria o suficiente, mas não foi só isso que movimentou o feminismo no Oscar, tivemos a linda campanha #askhermore. Qual a primeira coisa que perguntam para as atrizes no tapete vermelho? Claro, sobre seus vestidos. Perguntam para os atores quem fez ou como ele escolheu o terno que está usando? Não, claro que não. A campanha #askhermore é exatamente sobre isso: perguntem mais para as atrizes, elas têm muito o que dizer além do modelo de seus vestidos.


Quem lançou a #askhermore foi a maravilhosa Amy Poehler, mas várias atrizes reforçaram o quanto se sentem desvalorizadas quando tudo que importa são seus vestidos. Com certeza tem uma galera que pensa: do que essas atrizes estão reclamando? Elas são ricas e lindas, deveriam ficar satisfeitas. Na verdade, o pensamento deveria ser o contrário: nossa, elas são atrizes lindas, ricas e famosas e ainda são vítimas de machismo? Que merda, hein, sociedadzi.

Uma das deusas que valorizou essa campanha foi a Reese Witherspoon, que também já vem mostrando sua indignação com o machismo de Hollywood faz tempo. A atriz que era conhecida por fazer papéis bobos em comédias românticas virou produtora e comprou os direitos de livros que têm como personagem principal mulheres em papéis fortes. Ela produziu o "Gone Girl" e "Wild", onde também atuou. Isso mesmo, a guriazinha do "Legalmente Loira" é feminista, tá lutando contra o machismo e tá sambando na cara ganhando uma fortuna com seus filmes lindos. Eu sei, machistas, isso dói. Aceita que passa mais rápido.


Quando o feminismo chega em Hollywood, local de produção em massa de filmes machistas e preconceituosos, é porque a coisa ficou muito séria. Até as mulheres resolverem falar, parece que não existe machismo, ninguém se dá conta das coisas. Parecia super normal chegar naquela atriz maravilhosa que fez filmes incríveis e perguntar sobre o vestido que ela está usando e deu. Reduzir uma atriz (ou qualquer outra mulher, vide fiasquinho sobre a roupa da Dilma na cerimônia de posse) a roupa que ela está usando ou ao formato de seu corpo é extremamente machista, é algo que não dá pra acreditar que a gente ainda precisa falar.


Por isso, galera, este texto é, from the bottom of my heart, dedicado a todos os machistas que estão por aí cagando regrinha, chamando feminista de mal comida (porra, será que a Reese Witherspoon, a Meryl Streep, a Amy Poehler, a Jennifer Lopez, a Patricia Arquette e a Beyoncé são mal comidas?), falando que feminismo é modinha de internet, que mulher tem se dar o respeito, que mulher já tem todos os mesmos direitos dos homens, que é feminista até furar o pneu do carro, que feminista deveria lutar pelo alistamento obrigatório feminino, e toda essa merda que a gente lê e escuta todos os dias. Ômis, lavem suas próprias cuecas e parem de reclamar do feminismo. Deu, chega, tá ficando chato já, tá dando vergonha alheia.



quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

fora do lugar

Os seios foram sempre uma promessa, uma espera, uma marca. Pensava que a menina que tem seios já era mulher, já era grande, era mais que as outras. Não há como escondê-los, até a sua falta é uma existência. Quando eles demoram para aparecer é quando a gente demora para ser mulher. Afinal, ninguém é mulher sem seios redondos que serão complementados por uma fina cintura. Aí tu fica lá, toda esquisita, com uma parte faltando naquele corpo tentando se formar. As meninas todas já comentam que número de sutiã estão usando e até arriscam um decote, mas tu não faz a menor ideia do que é isso. E isso te faz menos mulher, todos os dias tu não te sente mulher. O que tu conhece sobre feminilidade é tão pequeno, distante e sufocante, parece que nunca vai ser alcançado, tu fica só desejando os teus próximos anos de vida, lá, em algum momento, é que tu vai ser mulher, tu vai ser bonita, agora tem que aguentar. Até ter os próprios seios, a gente pensa que eles são todos iguais, a maior diferença parece ser só o tamanho, mas para por aí. A gente não sabe que existem vários formatos. Quando eles começam a crescer, a gente se olha no espelho esperando aqueles seios das propagandas de cerveja. Mas eles não são assim. Aí a gente começa a conhecer todos os tipos de sutiã que existem, todos feitos para modelar, arredondar, aumentar, deixar no lugar. Sim, deixar no lugar, porque a gente tem os seios fora do lugar, pelo menos do lugar que dizem que eles devem ficar. Sempre achei que seios eram a coisa mais feminina do mundo, a coisa mais mulher. O que um homem faz quando se veste de mulher no carnaval? Coloca uma saia e um sutiã com enchimento. Ter os seios perfeitos é uma promessa e uma busca eterna. Esses seios não existem, mas ninguém nos diz isso, ninguém é sincero, nem as mulheres, todas elas têm seios maravilhosos. Tu é a única errada. Não usar sutiã não é aceito, é coisa de hippie, de feminista radical. Ninguém consegue lidar com seios balançando, caídos, pequenos, tortos, escapando pelos lados da blusa. Não pode, o segredo precisa ficar bem guardado. Cada uma de nós deve usar seu melhor sutiã, com o decote que favorece e seguir mentindo uma para outra sobre seu corpo, sobre o corpo feminino, sobre aquilo que toda mulher sente. Os nossos seios não são nossos, nunca foram. Eles evidenciam demais a nossa condição, nos traem. Não são nossos, são estranhos, são errados. Ter seios é uma luta diária.



sábado, 14 de fevereiro de 2015

mãe, eu te amo, não seja machista

Mãe, por te amar muito, peço pra tu não me dizer, aos 10 anos, que preciso encolher a barriga, porque homem nenhum gosta de barriga. Por favor, aos 4 anos não me veste como um boneca, não me dá de presente tantas Barbies magras e peitudas, de cabelo loiro e liso, pra que eu aprenda desde sempre que é errado ter meu cabelo crespo e escuro. Se puder, aos 13, não me leva à depilação pra fazer minha sobrancelha que começa a engrossar. Mãe, não se veste como eu aos 15, porque EU terei 15.

Se não for pedir muito, não me vem com essa que aos 27 deveria estar casada e ter filhos, porque morar sozinha me tornou uma mulher rodada - e isso te faz sentir vergonha. Não permite que meu irmão chegue aos 25 sem saber usar uma máquina de lavar roupa. Não serve a comida dele. Não organiza as roupas dele. Não chama de vadia a menina que engravidou com ele por acaso. Não finge que o aborto é uma coisa horrível, depois de ter feito o teu em clínica de luxo. Não paga a faculdade dele até os 30 ou a TV a cabo.

Lembra quando tu contava que a vó uma vez, lá nos anos 40, tomou um soco do vô bem no queixo e um pontapé na barriga, porque os filhos estavam fazendo muito barulho na hora da janta dele? Lembra também que a vó dizia que a mulher é o lixo do homem? Pois é, eu nunca vou esquecer disso. Tu me disse isso aos 7 anos. A mulher é o lixo do homem, que ele vai lá e despeja tudo o que não presta dentro dela. Mãe, eu to pra te contar faz tempo que mulher é uma construção. E vai doendo até se edificar. Se edifica pelas rachaduras.


Então, quando tu me disse pra não usar minissaia na rua, eu edifiquei, e desmoronei. Quando tu falava que depois que um cara transasse comigo, eu nunca mais ia ter o mesmo valor, tu construiu um pouco de mim, e fiquei diferente. Quando eu comprava pílula escondida de ti, pra tu não descobrir que eu não era virgem, eu já conhecia uma parte bastante cruel de ser mulher. Então, mãe, queria não ter visto tu apanhar do pai e depois, ter dito que a mulher pensa com o coração.

Queria que tu não tivesse se ocupado de cuidar das bebedeiras dele e do meu irmão, que sempre pode chegar às 4h em casa, enquanto eu só podia ir no shopping - que é coisa que mulher de classe média pode fazer sem ser feio ou esquisito. Queria ter te dito que eu gosto mesmo é de mulher e que, apesar da tua forçação de me fazer ser feminina, eu sou uma mulher.

Eu fico triste de ver que hoje tu te tornou uma mulher interditada. Ao mesmo tempo, quando tu me ensinou que havia o jeito certo de ser mulher, que eu devia usar biquini na praia, que maiô era coisa de gorda - e que ser gorda é ruim; que eu podia falar mal das minhas amigas, já que mulher nenhuma é amiga de verdade; quando tu me ensinou que era perigoso demais andar na rua de noite, porque rua e noite não são coisas de mulher direita; quando tu me disse que é sempre melhor ficar na minha do que discutir com homem; quando tu me alertou que os melhores cabeleireiros são sempre os gays; quando tu fez eu achar que existia mulher direita e mulher da pá virada, eu vi, mãe, bem na minha frente, que te fizeram achar que a mulher é pra ser um conjunto habitacional, tudo igual, tudo rebocado, só muda a cor. Mãezinha, eu te amo, e eu sou a biscate da pá virada que te fizeram acreditar que só existia na família do vizinho. Mãezinha, não continua fazendo das minhas irmãs as afilhadas sem futuro do teu machismo. 


*Com ajuda da Angélica Freitas, uma cartinha ficcional, depois de tantos relatos, tantas conversas com mulheres sobre o que as mães andam fazendo por aí.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

as anti-feministas

Qualquer movimento libertário em prol de minorias é sempre deturpado. SEMPRE! O feminismo, portanto, não escapa das garras dos machinhos, da mídia, do pensamento conservador hegemônico. Por isso tem muita gente desinformada por aí que acha todo tipo de coisa absurda sobre feminismo. 

Acho que o maior mito de todos é que feministas odeiam homens e querem se tornar superiores. Gente, chega de tanta merda, feminismo busca igualdade de direitos e respeito. Feminismo não é oposto a humanismo, nem masculinismo (sim, isso é uma coisa). Feminismo é igualdade, feminismo quer libertar as mulheres, feminismo não quer ditar regras, feminismo não é contra esmalte, casamento e dieta. 

Essas ideias são todas loucas e sem fundamento, mas muito bem espalhadas para acabar com um movimento que quer tirar os privilégios (atenção, PRIVILÉGIOS, ou seja, aquilo que tem a mais) duzomi, que tão morrendo de medo! Um desses males que rolam pela vida são as próprias mulheres que são contra o feminismo. Mal sabem elas que estão contra elas mesmas. A única explicação pra mim é que elas não sabem o que é feminismo. Aí criam tumblrs como essa coisa do demônio aqui.



Então, como eu sou uma querida, uma feminista cheia de amor pra dar, resolvi desconstruir algumas dessas ideiazinhas toscas e iluminar a vida dessa gente perdida.

 Eu não preciso de feminismo porque eu não sou uma delirante, nojenta, hipócrita odiadora de homens! Eu respeito homens e eles me respeitam!

O feminismo respeita homens que também respeitam mulheres. A gente só não respeita aqueles escrotos machistas, só isso! E deixa eu te contar: os homens (muitos deles) não te respeitam, não. Sorry!

Eu não preciso de feminismo moderno porque é vergonhoso sugerir que as mulheres nos Estados Unidos são oprimidas quando há opressão de verdade acontecendo em outras partes do mundo.

Primeiro: por que ressaltar feminismo moderno? Existiu algum feminismo que tu concorda? Hmm, conte-me mais sobre como tu sabe sobre a história do feminismo, como ele já foi algo verdadeiro e necessário e hoje em dia virou uma coisa de feia peluda odiadora de homem!
Outra coisa: o feminismo não é só para as mulheres nos Estados Unidos!

Eu não preciso de feminismo porque eu amo homens e um mundo só com mulheres seria um pesadelo.

Bah, também acho, seria um horror um mundo só com mulheres, até porque seria o fim da espécie humana! Com que feminista que tu falou que te disse essa loucura apocalíptica? Olha só, essa pessoa não é feminista, ela é doida!

Eu não preciso de feminismo porque eu sou igual a ele e não superior.

Essa aí é feminista e não sabe.

Eu não preciso dessa “terceira leva” ocidental do feminismo porque eu me recuso a explorar meu estupro e o meu TEPT (Transtorno de estresse pós-traumático). Eu não sou uma vítima. Eu nunca fui uma vítima. Eu nunca vou ser uma vítima. Eu fui estuprada por um homem e não todos os homens. Eu sou uma lutadora!

Não há ninguém no feminismo que não diga que mulheres são lutadoras. Mas tu foi estuprada, tu foi sim uma vítima. O homem que te estuprou não fez isso por ser louco, mas por ser homem, por ser machista, por ter sido ensinado que ele pode explorar o corpo da mulher como quiser. O feminismo luta para que não exista mais exploração sexual das mulheres, portanto, não mais estupro. Se tu conseguiu denunciar o estuprador, tu deve agradecer ao feminismo!

Eu não preciso de feminismo porque meu gênero não está em guerra por plano de saúde e também não é um debate político. O feminismo inventou a “guerra” contra mulheres. Eu não inventei e nem os homens.

Nem entendi a história do plano de saúde, nem sei se traduzi direito...

Como que gênero não é debate político?? Debate feminista e de gênero vai muito além de resolver quem vai lavar a louça! A pessoa aí não sabe o que é política!

O feminismo inventou a guerra contra a mulher. Queria poder esquecer essa frase. Ainda mais quando estou lendo “O Segundo Sexo” da Simone de Beauvoir com todo resgate histórico que ela faz mostrando a “invenção” da guerra contra a mulher. É claro que parece que o feminismo inventou isso, até alguém falar que a mulher era oprimida e querer lutar contra, tava tudo aparentemente bem, ninguém brigava porque a mulher ficava quieta. É a mesma coisa que vários casamentos que a gente vê por aí que o casal parece perfeito um para o outro, até que a mulher resolve deixar de ser subjugada pelo marido, aí o casamento vira só brigas e a culpa é da mulher que cansou de apanhar e chorar, claro.

Eu não preciso de feminismo porque isso está machucando os homens e não está ajudando as mulheres.

Pobi duzomi, tão ficando machucadinhos e chateadinhos com o feminismo! Tadinhos, gente!

Me diz uma coisa, querida: tu pode votar? Tu pode usar calças? Tu pode estudar? Tu pode morar sozinha? Tu pode se assumir lésbica? Respondeu sim para todas as perguntas? Pois então, o feminismo está ajudando as mulheres, sim!

Eu não preciso do feminismo porque eu gosto de ser feminina.

Ai, ai, outra falácia. Tem criaturas que acham que ser feminina e feminista são coisas contrárias. Aliás, tem umas ainda que se acham super inteligentes e se perguntam para elas se elas são feministas, respondem: Eu não sou feminista, sou feminina.

O feminismo não é contra ser feminina, mas apenas questiona o que é ser feminina. Para a menina acima parece ser usar rosa. Pode ser, mas vai muito além disso. A gente pode ser feminina de muitas formas e não só desse jeito fechado e conservador aí.


Ok, faltou sororidade nesse post, eu sei. Mas é muito triste ver as próprias mulheres deslegitimando o feminismo.
Mulheres, TODAS nós devemos ao feminismo, TODAS! Vamos seguir falando sobre feminismo e tentando explicar o que a gente quer para que as próprias mulheres não recusem uma luta que as diz respeito.