segunda-feira, 13 de julho de 2015

nós queremos abortar

Por que é tão óbvio e necessário que uma mulher possa ter o direito de interromper uma gravidez que ela não quer? A gente preparou uma listinha rápida que pode te ajudar a entender esse assunto. Além de lutarmos para que a Sugestão Legislativa 15/2014 (que propõe a regulamentação da interrupção voluntária da gravidez pelo SUS até as 12 primeiras semanas) torne-se lei, é MUITO IMPORTANTE que a gente possa mudar um pouco o pensamento de algumas pessoas ao nosso redor. Ter o direito ao aborto é reconhecer que o corpo da mulher não pode ser controlado pela religião e pelo machismo. Ter o direito ao aborto é garantir o direito à vida da mulher, plena e livremente. 


1. Aborto é uma questão de saúde
Abortar é um problema de saúde pública no Brasil. Quanto mais existir repressão policial e investigação das clínicas e das mulheres que abortam clandestinamente (que é o que acontece hoje), mais inseguro serão os meios pelos quais as mulheres continuarão fazendo seus abortos. Quanto mais os hospitais privados (geralmente católicos) continuarem hostilizando mulheres que chegam doentes por terem se arriscado em procedimentos muitas vezes caseiros, mais serão as mulheres as culpadas por sua própria morte e vulnerabilidade. 

2. A mulher pobre e negra garante mais igualdade de direitos
Mulheres brancas e de classe média morrem menos em abortos clandestinos. A morte recai sobre a mulher pobre e negra, que aborta e adoece em condições subumanas. Então, é compromisso do Estado garantir que o atendimento da saúde pública viabilize a escolha das mulheres que não tiveram 2.000 pila pra pagar a clínica e ficar de boas, além de fazer terapia depois pra enfrentar o machismo e o pensamento cristão que vai te julgar. O Estado precisa garantir atendimento de saúde também psicológico à mulher que aborta, já que, graças a ele, o conservadorismo se reafirma e toca o terror nas mulheres que optam por interromper a gravidez.  


3. Escolher abortar liberta o corpo feminino
A legalização do aborto passa por um problema extremamente complexo, que está na base de todas as possíveis políticas públicas sobre o tema - o controle do corpo. Imagina viver num mundo em que as mulheres escolhem o que fazer com o corpo delas? Imagina o caos que vai ser se uma mulher engravidar e não quiser ser MÃE? Onde vão parar todas as crenças sobre a MÃE NATUREZA/ O DOM DE SER MÃE? Como vai ficar a indústria da mãe que cuida dos filhos e da casa e é supercompleta e feliz? Imagina toda uma nova possibilidade de pensar no mundo que uma política consistente sobre o tema traria? Quantas mulheres se tornariam menos vítimas de ideias abusivas sobre o sexo e a maternidade? 

4. Destrói a política da "maternidade obrigatória"
Ser mãe não é dever das mulheres. E isso infelizmente não é muito óbvio. Ser mãe não é algo natural. Não é algo necessariamente desejado. Aliás, mundo, é possível odiar ser mãe, sabia? Sim! É possível odiar seus filhos, como qualquer bom ser humano por aí odeia outro. E o que tem de mal nisso? Absolutamente nada. Porque ser mãe não tem nada de sagrado ou bonito. Mas infelizmente o Freud estava lá, pra cagar várias morais de pai e mãe. Além de todo um pensamento ocidental de origem e essência, que só serve pra matar gente e mais gente. 


5. Destrói a noção de que um filho é responsabilidade da mulher
Porque não adianta dizer por aí que a mulher já garantiu muitos direitos e que as coisas têm mudado, se o cara ainda se incomoda em usar camisinha, porque é "desconfortável" ou não é tão "prazeroso". Tem cara que tira a camisinha sem contar pra mina. Tem cara que não usa. Tem cara que estupra. Tem cara que some. Mas, pra além disso tudo, uma mulher que teve um filho não pode sair por aí sem que esse fato seja considerado sobre ela. Mas um cara que teve um filho, ah, é completamente diferente. Ele pode sair por aí e ser bem feliz e completo, sem que a "paternidade" interfira: na sua vida sexual, afetiva, financeira, trabalhista etc. Ou seja: uma mulher que é obrigada a ter um filho indesejado vai ter, pra sempre, que lidar com a "maternidade".Um homem que é obrigado a ser pai não necessariamente será apontado na rua como um "pai". 

A gente quer viver num mundo de mulheres livres e poderosas. E o Estado não pode mais privar o corpo feminino da liberdade e do poder em exercício. Nenhuma mulher quer sangrar sozinha, no escuro. Nenhuma mulher deseja se tornar uma clandestina. O documentário "Clandestinas" é lindo e nos ajuda a entender um pouco mais esse tema. Beijos e bora mudar alguns jeitos de pensar a vida, amigues. 


24 comentários:

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    1. ?????????????????????????????????????????????????????

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    2. Hahahaha! Olha, o que minha mãe pensa não importa muito. Até porque é uma questão bem ampla. Mas posso te dizer que não é natural "o amor materno", assim como todas as relações, é uma construção cultural. Uma mulher pode gostar muito mais dX companheirX do que do filhX. Sugiro ler Ayelet Waldman e um monte de gente bacana que pode ajudar a pensar relações, de modo mais aberto. Abraço!

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    4. Quem disse que uma mulher gostar mais do companheiro do que do filho é um parâmetro universal? Isso foi dito apenas para mostrar que há várias formas diferentes de se relacionar com o filho.

      O que tu diz sobre negar a história universal e a preservação da espécie dizendo que não é natural a mãe amar seu filho é um mito. Essa história de amor materno, de amor incondicional, da mãe cuidar dos filhos acima de tudo, isso não é natural, isso é cultural, e não é da história universal, ou algo que sempre existiu desde "os tempos das cavernas". Isso é novo, é ocidental e é um mito cultural.

      Tu já estudou todas as civilizações pra saber qual não tem essa construção cultural?? Essa visão da natureza da mulher é ocidental, restrita, relativamente nova historicamente. E ainda muito bem constituída pela psicanálise freudiana. Deleuze destruiu isso faz tempo, mas parece que ainda não foi o suficiente para as pessoas desfazerem esses laços falsos com as famílias, que ainda são vistos como laços naturais.

      Isso que tu diz de que se as mulheres não amassem naturalmente seus filhos elas teriam menos filhos é uma visão incorreta. A maioria das mulheres não têm filho porque quer, porque se sente pronta, mas por obrigação social, por pressão da família e do marido, ou porque engravidou sem querer e não pode abortar. Infelizmente são poucas as mulheres que têm filhos com vontade mesmo.

      Não estamos aqui negando o amor da mãe pelo filho. Com certeza esse amor pode ser lindo e maior do que qualquer outro. Mas aí é que está a nossa questão: ele PODE ser, não é obrigatoriamente. Uma mãe que tem um filho sem muita vontade, que acaba não sentindo essa coisa mágica que dizem que toda mulher tem que sentir, essa mulher vai se sentir culpada o resto da vida, por causa dessa crença do amor materno natural, ela vai inclusive achar que tem algo de errado no próprio corpo dela. É com essa culpa que a gente quer acabar.

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    1. opa, voltou a criatura com seus dados aleatórios

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    3. pô, brigada por me salvar das moscas!
      apesar de que acho que prefiro essas mosquinhas legais e feministas aqui do que tua ilustre presença

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    4. Criatura, acho que tu deveria ouvir isso, então. A Tatiana Lionço representa a luta feminista pela descriminalização do aborto no congresso. Nesse caso, ela me representa e representa as mulheres que lutam por participação política e liberdade. Absolutamente nada do que tu diz, com teus dados cientificista (pff) ou tua forma absurda de tratar teóricos e conceitos tem a ver com nosso debate e nossa participação social. O interessante desse vídeo é ver, inclusive, o quanto a ignorância (semelhante a tua) é avassaladora sobre a própria fala das mulheres que lutam pela liberdade: de pensamento, do corpo.

      https://www.youtube.com/watch?v=X4zTj9iM274

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    1. allan, para de descobrir nossos planos secretos de feminazi!!
      não basta trazer todas essas estatísticas que acabam com nosso movimento, tu ainda descobre nosso negócio de venda de fetos!! aí tu complica muito a nossa vida!

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    3. adoro destruir as bases da sociedade por dentro!

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    5. nunca tinha pensado nisso. brigada. agora sou anti-feminista.
      agora vejo mais claro tudo.
      realmente é uma questão de ponto de vista.
      estupro, por exemplo, as feministas dizem que é uma violência do homem com a mulher, mas agora vejo que pode ser uma violência da mulher que obriga o homem a estuprá-la.
      ou a questão da mulher ter o salário mais baixo. as feministas dizem que é uma injustiça da sociedade patriarcal. mas agora que tu iluminou meu pensamento eu vejo que a mulher recebe menos porque quer trabalhar menos e forçar o homem a fazer o serviço pesado.
      agora percebo que é tudo culpa da mulher que explora o homem, que exige que o homem seja violento, que o estado tenha poder sobre seu útero, que quer ser traída e estuprada, que gosta de ser vista como um objeto, que tem uma vida boa ficando em casa e não podendo trabalhar e ser independente economicamente.

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    7. allan, eu perdi horas da minha vida debatendo com calma e racionalidade contigo e percebi que isso é impossível. Tu é burro, machista, escreve muito mal, faz raciocínios lógicos sem sentido, não entende nada do que eu falo e, ainda por cima, não é mulher e não entende o que uma mulher passa.
      Discutir contigo seriamente só se eu fosse louca e quisesse o meu próprio mal.
      Prefiro ser irônica e debochar da tua cara mesmo que é só o que tu merece.
      Uma das coisas que eu mais faço é justamente entrar em debates, tenho uma paciência enorme, gosto de debater. Mas contigo não dá. Não importa o que eu diga, tu vai dizer que sou uma "inocente útil", que tudo que eu digo é fruto de uma lavagem cerebral. Como tu pode esperar que eu continue discutindo?
      se tu continuar comentando no blog "largado as moscas", eu vou continuar rindo da tua cara.

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    9. HAHAHAHAHAHAHA Minha nossa, cara. Sem palavras.

      Adoro, usar matérias do g1 que mostram pesquisas do IBGE. Teoria da conspiração, lavagem cerebral. Wow. É bastante delirante.

      Não ha nada mais pra te dizer/ensinar/responder. O blog está aí pra ser lido, inclusive pelo olhar da extrema ignorância.

      Boa sorte nas tuas leituras e na vida!

      E viva a liberdade feminina e a legalização do aborto!

      Beijas ;)


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