segunda-feira, 17 de novembro de 2014

o feminismo é pop, sim!

Hoje mesmo publicamos na nossa página no Facebook um texto sobre o feminismo ser pop. Na verdade, não o feminismo, mas algumas feministas. Não, pera, algumas artistas famosas estarem se dizendo feministas nos últimos tempos. Mas já é alguma coisa. Bom, foi com essa notícia bonita e interessante (que ainda pede um texto inteiro no blog sobre) que comecei meu dia.

Rapidamente tudo mudou quando cometi um ato beirando o suicídio e entrei numa página machista horrível com as piores “piadas” com feminista e, na verdade, qualquer tipo de mulher. O sangue ferveu e me enchi de vontade de escrever nessa página. Aí parei pra ver quantas curtidas que tinha em cada post: em torno de 2.000!!! E os comentários conseguiam ser piores que os posts. Desisti de escrever sabendo que eu só seria chamada de gorda feia mal comida odiadora de homens...


Me desesperei, pensei que o mundo estava perdido. O que estou fazendo aqui publicando esses textos quando existem mil machistas loucos no mundo que nunca vão mudar?? Aí lembrei de um conselho que a Polly do Lugar de Mulher sempre fala: busque as referências certas! Pensei então que muitas de nós passamos por esses momentos de pânico diante de horrores machistas e esquecemos que precisamos continuar procurando os textos certos, as amigas certas, as “piadas” que não nos objetificam. 

Tá te achando gorda e pensando que o mundo todo é magro e lindo? Procura as imagens certas, as blogueiras pluz size, as lojas que percebem que existem (e muito) tamanhos maiores no mundo. E, mais que isso, dá uma olhada na rua e vê quanta gente é realmente magra. Pelo menos nos ônibus que eu pego não tem nenhuma modelo tamanho PPP. Clica aqui pra ver esse vídeo lindo que a Polly (sim, amo ela) ainda teve o trabalho de traduzir pra nós.


Acha que é magra demais e cheia de osso e homem gosta de ter onde pegar? Primeiro: homem nenhum manda no teu corpo. Segundo: amada, esses ossos podem ser pura elegância! Te joga nessa magreza!


Cansou de depilação, mas acha que é obrigada? Olha quanta gente te mostrando que tu pode:




Cansada de ouvir músicas que tratam o corpo feminino como prêmio, ou prisioneiro de padrões que tu nunca vai (nem precisa) alcançar? Pelo que eu sei uma das músicas que mais está fazendo sucesso e até as minhas aluninhas de 11 anos sabem a letra é sobre isso:

(essa letra tem umas coisinhas que não são muito legais, mas por enquanto fiquemos com o que é bonitinho)

O mundo todo tá parecendo machista demais? Até o Buzzfeed percebeu que precisa falar sobre isso:


Parece que o feminismo não ganha nenhuma batalha? Acabamos de impedir a entrada do Julien Blanc no Brasil!


No fim das contas, a gente constrói o nosso mundinho mesmo. Eu escolho viver num mundo com boas notícias sobre feminismo. Regado a notícias ruins pra manter o sangue fervendo e a vontade de lutar sempre alta. O problema é que quando as coisas ruins são maiores, até a vontade de ir contra acaba, a gente desanima quando acha que só perde, quando vê uma merda tão grande que limpar tudo parece fugir do nosso controle. Vamos tentar manter esse equilíbrio. Principalmente porque vamos precisar mostrar todos os dias para algum machista que não somos loucas, não somos as únicas feministas do mundo, que feminismo não é coisa de mulher mal comida (aliás, dá uma lida aqui pra ver como essa história do “mal comida” tá muuuuito errada).

Sobre o questionário do Buzzfeed:


Fiz questão de copiar o resultado de uma das perguntas que dizia o seguinte: “Você concorda com os termos “feminismo” e “feminista” ou você acha que o movimento de igualdade de gênero precisa ter um nome diferente?” O resultado ficou apertado, mas a maioria disse achar que o nome feminismo precisa mudar.

Gente, chega de medo do nome feminismo ou feminista. O nome é esse porque é um movimento de mulheres em prol dos direitos das mulheres. Só isso. Usar uma palavra com o radical “fem” não significa ser contra os homens e querer que eles queimem numa fogueira construída com seus pintos. Essa é uma das poucas palavras que não privilegia uma terminação ou um radical masculino na língua. Ozomi não precisam ter tanto medo, pois continuam sendo majoritários linguisticamente. 

O que precisa mudar não é o nome, mas a ideia que fazemos desse conceito.

E com isso termino o texto dançando na cara do patriarcado e daqueles caras escrotos da página que entrei hoje (e de muitas outras...)


4 comentários:

  1. Ananda, muito obrigada por me ajudar a construir também o "meu mundinho" como um mundinho bem humorado, inteligente e cheio de ideias bacanas sobre o feminismo! :-)

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    1. Ingrid, obrigada pela tua leitura e pelos elogios!!! Fico super feliz de participar do teu mundinho bonito feminista!

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  2. Há um certo tempo, eu estava em uma roda de amigOs e tive a infelicidade de ouvir o seguinte comentário: "Você e fulana "x" são bonitas de rosto, mas se trocassem de corpo com ciclana "y" daria um caldo". (Ou seja, não importam meus valores, meu conteúdo.. importa somente o corpo, e o resto é resto).
    Eu sempre tive um certo complexo com minha magreza, pois não consigo engordar e tenho pernas finas e tortas, e ao ouvir esse tipo de comentário ridículo eu resolvi entrar na academia e malhar loucamente pra esfregar na cara do sujeito que disse essa besteira que eu posso ser a "gostosona". Resultado: parei de fazer academia pois percebi que não tenho que me encaixar ao molde dos outros, e sim viver do modo que eu me sinta bem. O importante é saúde, e fim.
    O que importa é o valor que carrego comigo, quem verdadeiramente sou. E com certeza não sou uma boneca sexual exposta em uma vitrine pra ficarem me olhando, me desejando. Sou contra isso e sinto nojo. O corpo é meu, não dou direito de ficar cobiçando.
    Este é meu modo de pensar, e que cada um viva do jeito que acha melhor.
    Não curto muito essa parada de movimento feminista por motivos pessoais, mas ao ler seu texto muito me identifiquei e concordo plenamente, adorei! Vou me "jogar" com meus ossinhos

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