Já notou que mulher gorda tem necessidade de falar bem
alto, dar gargalhada, bater com as mãos na mesa de bar, ser espalhafatosa? Só
falta rir de língua pra fora.
Olha o quanto a Adele se importa com essa opinião
Há alguns anos eu
tive a infelicidade de ouvir isso de um conhecido, num papo informal,
desses que a gente tem pouco monitoramento da fala. Ele se referia, nessa
conversa, a uma amiga em comum e, em certa medida, a sua própria irmã.
Desse mesmo ouvi que eu tinha que me cuidar, pra não virar uma baranga:
Tu ainda é novinha, tem 21, tudo durinho. Vai chegando
perto dos 30 mulher vai embarangando. Tem que ir pra academia, correr. Isso
aconteceu com a minha irmã, ela era magrinha como tu, acredita? Olha no que
virou hoje!
Olha a baranga dançando pra ti, saci!
É um velho conhecido
esse tipo social. É o que chama a professora da faculdade de “mal comida” se
ela entrou na sala mais séria. Ou o que diz preferir guria mais nova porque tem
menos uso, não é “carro batido”. Pode ser também o tipo egoísta, que não
conhece o próprio corpo, muito menos o da namorada ou esposa e faz um sexo
baseado em apertar botões, com a ajuda de aparelhos eróticos femininos - já que
ele não vai perder tempo em preliminares - melhor que ela use a butterfly*!
O cara que disse
essas coisas dizia muito mais. Ouvi em certo papo de botequim que sempre que
via um gordo na rua ele imediatamente visualizava um cachorro-quente nas mãos
da pessoa.
Entre seus amigos, esse
rapaz sempre foi considerado uma pessoa extremamente engraçada, aquele tipo de
amigo que todo mundo gosta, porque tem opinião e teoria sobre tudo, sabe? Que,
tecnicamente, ri de si mesmo, mas usa isso pra poder metralhar seus
preconceitos sobre outras pessoas.
Esse cara não tem e
nunca teve a menor graça. Mas por que, então, existe plateia pra esse tipo de
piada? Por que é necessário, pra pessoas que falam dessa forma, falarem e
agirem dessa forma? Nós pensamos um pouco e elaboramos algumas hipóteses pra
tentar explicar esse fenômeno bem comum.
Faltou tomar uns tapas da vida
Faltou ouvir umas verdades
Nunca dançou
Beyoncé
Não lida bem com quem se ama
Precisa de amor
Só pra lembrar,
porque nunca é demais: uma mulher é sempre o que ela quiser. Ela pode rir alto.
Ela pode gargalhar. Ela pode falar baixo. Ela pode comer 10 cachorros-quentes
ao mesmo tempo ou nenhum. E, incrivelmente, sem que nem tu perceba, talvez ela
possa te educar e até ser solidária com a tua ignorância e teus preconceitos.
Abracemos o machismo. Até sufocar.
*Pra entender uma Butterfly:
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By Raquel Leão
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